Akira Toriyama - World Guides 2

Artes Marciais e Merchandising

Embora o sucesso de Toriyama com Dr. Slump tivesse sido aclamação suficiente para qualquer artista se aposentar, Dragon Ball foi um sucesso tão grande que ofuscou completamente seu predecessor. Serializado na antológica revista semanal de mangá SHONEN JUMP (que vende de quatro a seis milhões de exemplares por semana) de 1984-1995, Dragon Ball se tornou uma das séries de mangá e anime mais amplamente conhecidas na história do Japão, mas aquilo era apenas a ponta do iceberg. Edições estrangeiras do mangá de Toriyama foram traduzidas e publicadas em países de toda a Ásia e Europa como Malásia, Tailândia, Indonésia, Hong Kong, Coréia, Taiwan, Itália, França e Espanha, e a versão animada de Dragon Ball foi vista na França, Espanha, Bélgica, Itália, Grécia, México, Brasil, Filipinas, Indonésia, Coréia, Taiwan e Hong Kong. Assim que você adiciona CD's, video-games e um mega merchandising por todo o globo, as vendas de produtos Dragon Ball são estimadas em U$ 3 bilhões em todo o mundo.
 
Mas como isso tudo aconteceu? O quê lançou tanta popularidade? De acordo com Toriyama, "O mangá não era tão popular antes do Tenka-Ichi Budokai (Torneio de artes marciais). Torishima me disse uma vez: "Seu personagem principal é muito calmo. Por isso que ele não é tão popular". Eu queria ganhar os leitores com a história dessa vez, e eu até fiz o esforço de fazer um personagem com roupas normais, então eu fiquei irritado e disse a ele, "Eu vou fazer algo para as multidões, então".
 
"Nos dias de Dr. Slump, histórias de eventos e torneios como o Penguin Village Grand Prix (Grand Prêmio da Vila Pingüim) eram populares", Toriyama continua. "Então eu decidi fazer um torneio simples. Assim surgiu o Tenka-Ichi Budokai. Todos os personagens, exceto Goku, caíram fora, Mestre Kame (Tartaruga genial) voltou e o novo personagem Kurilin apareceu. Imediatamente a popularidade subiu".
 
Esse material "agrada-multidões" se tornou a marca da segunda série animada, Dragon Ball Z, baseado em luta-luta-luta. Toriyama levou as artes marciais além até dos mais exagerados excessos dos filmes de ação de Hong Kong e até a alma dos super heróis. Em Dragon Ball, se você treinar duramente, você pode voar, atirar bolas de energia, se dividir em corpos múltiplos, teleportar e até mesmo fundir dois seres em um com os poderes dos dois. Mas isso só quando você treina duro o suficiente, lembre-se.
 
"Quando você pensa no personagem Goku, a sua melhor descrição é que ele quer ficar forte, então eu decidi mostrar mesmo isso". Mas mesmo assim, Toriyama tinha que trabalhar para sua audiência pelo motivo das novas artes marciais de Dragon Ball - super poderes ou não, nem mesmo Super Saiyajins conseguem facilmente. "Goku só ganha pela primeira vez no terceiro torneio", ele diz. "As pessoas em volta de mim diziam que todos eles sabiam que Goku iria ganhar. Eu sou tão contrário ao que as pessoas dizem que se disserem aquilo eu saio do meu caminho para fazê-lo não ganhar".

Cenas de uma luta

Os fãs de DBZ concordam - a força da série está nas suas extensas cenas de luta entre personagens cada vez mais fortes. O desafio do artista para tais histórias é manter o suspense, mesmo em lutas que duram vários episódios.

"Você não pode mostrar sempre a mesma luta", Toriyama confirma. "Nos tempos passados, Goku ainda era pequeno, então estava tudo bem, mas na segunda metade (da história), as lutas se expandiram. Eu tive que inventar ataques mais poderosos". Assim, a forma "Super Saiyajin" de aumentar o poder de um personagem surgiu. "Pessoalmente eu sinto que há um limite de quão forte se pode ser, então (power-ups) são geralmente fruto do desespero". O visual distinto de um Super Saiyajin - cabelo loiro e espetado, músculos saltados, poder estalando como um energético - teve sua própria inspiração. "Eu não planejava de Goku virar um Super Saiyajin, então quando eu sugeri a idéia do Super Saiyajin, eu achei que sua aparência também deveria mudar para mostrar seu aumento de poder. Em termos de design, sua expressão é mais a de um inimigo, não é? Eu tive dúvidas se era aquilo que ele deveria se tornar, mas desde que ele iria se transformar à partir da raiva, eu decidi que aquilo era aceitável. Foi uma idéia muito ousada. Quanto aos inimigos, eles se transformam se meu editor disser que não gostou", ele ri.

Uma forma de power-up que surgiu mais tarde, Fusão - o processo de dois guerreiros combinando em uma forma ainda mais dura, assim como a fusão de Trunks e Goten, Gotenks - teve sua origem: "Eu estava conversando e dizendo que nada é mais forte que um Super Saiyajin", Toriyama ri. "Normalmente, Masakazu Katsura (Video Girl Ai) e eu só falamos de coisas bobas, mas ele disse: 'Você pode sempre fundi-los'. Eu lhe disse que ele havia dito algo útil pela primeira vez". O conceito de fusão aumentou o humor de certas cenas de luta, mas Toriyama não vê problema em ter mais risadas que machucados em seu manga. "Se a história ficasse muito séria, minha pressão ia subir, e pessoalmente, eu não gosto disso. Eu sempre achei que manga é para entretenimento completo". Por outro lado, quando se pergunta para Toriyama qual a sua história preferida de Dragon Ball, ele esquece os contos mais leves e escolhe a história do pai de Goku, Bardock. "É uma história bem dramática que eu nunca desenhei. Eu tenho que ver um tipo diferente de Dragon Ball de um jeito bom".

Falando de entretenimento, que tal o ataque personalizado de Kame Sennin (Mestre Kame), o KameHameHa? De onde veio essa idéia? "Eu não gosto muito de dar nomes aos ataques", Toriyama diz. "Eu não acho que os personagens vão ficar gritando os nomes de seus ataques em situações de vida-ou-morte. Você morreria enquanto grita o nome do seu ataque", ele ri. "Mas meu editor disse que eu sou melhor longe de dar nomes a ataques. KameHameHa é invenção da minha esposa. Eu estava agonizando, 'É o ataque do Kame, chamado algumacoisa-ha! Algumacoisa-ha!' Então ela sugeriu kame-hame-ha. Era incrível. Era tão bobo que se encaixava perfeitamente à imagem do Kame Sennin".