Cursed New Year – Análise

Cursed New Year – Análise

Cursed New Year é um jogo de terror em primeira pessoa desenvolvido pela AU Studio e publicado pela Sometimes You, que se insere de forma bastante direta no subgênero dos chamados walking simulators de horror. Lançado inicialmente no PC e posteriormente levado ao PlayStation 4 e PlayStation 5, o jogo aposta em transformar a ideia de virada de ano em um algo… desconfortante.

A experiência coloca o jogador no papel de um visitante que chega à casa de uma família durante o período de fim de ano, supostamente para participar das festividades de Ano Novo. O núcleo familiar é composto por um casal e sua filha, e é a partir daqui que o jogo constrói toda a sua narrativa. Não há contextualização elaborada, introdução cinematográfica ou desenvolvimento claro de personagem e as informações são escassas e fragmentadas, surgindo principalmente por meio de um rápido diálogo inicial e de alguns documentos espalhados. Curiosamente, o merchan do jogo menciona detalhes adicionais sobre seu personagem, como sua profissão sendo a de animador infantil, mas essas informações não aparecem nos textos do jogo, parecendo ser uma história incompleta ou pouco amarrada, por falta de capricho ou falta de grana mesmo.

A narrativa é meio confusa e ambígua, evitando explicações diretas sobre os acontecimentos e deixando lacunas que nunca são totalmente preenchidas. Tudo bem que isso é comum em certos jogos de terror psicológico, mas em Cursed New Year acaba soando mais como uma limitação de desenvolvimento do que uma decisão artística, e mesmo ao revisitar o jogo em múltiplas sessões, não há novas camadas relevantes pra se descobrir.

Do ponto de vista da jogabilidade, Cursed New Year se encaixa de forma bastante rígida na definição de walking simulator. As ações do jogador se resumem a caminhar lentamente pelos cômodos da casa, interagir com objetos pontuais, ler documentos e resolver quebra-cabeças extremamente simples, muitas vezes guiados de forma explícita pelo próprio jogo. A progressão é completamente linear, com áreas sendo abertas e fechadas de acordo com o momento do roteiro, impedindo qualquer exploração livre ou desvios da sequência estabelecida, e não há possibilidade de falha, gerenciamento de recursos ou qualquer sistema que qualquer tipo de tensão mecânica, fazendo com que a experiência dependa quase exclusivamente da atmosfera. É apenas um jogo para assistir e essa linearidade é ainda mais evidenciada pela estrutura do espaço, que é pequeno e constantemente revisitado.

O jogo exige do jogador um número meio maçante de idas e vindas entre os mesmos ambientes, e essa repetição se torna horrível graças a velocidade de movimentação extremamente lenta da personagem, pois não existe opção de correr ou acelerar o deslocamento, o que faz com que uma experiência, que já é extremamente curta, se torne artificialmente alongada e tediosa. De toda forma, o tempo total de jogo dificilmente ultrapassa trinta minutos, só que a sensação subjetiva é de ser algo mais arrastado, justamente por essa lentidão imposta artificialmente.

Os elementos de terror aparecem de forma pontual, com uns sustinhos repentinos, umas mudanças bruscas de iluminação e momentos de completa escuridão, embora algumas dessas ocorrências até consigam causar um pouquinho impacto, mesmo com certa inconsistência da iluminação. Há momentos em que o jogo se torna escuro a ponto de comprometer a leitura visual da cena, sem que fique claro se isso faz parte da proposta ou se é resultado da falta de orçamento mesmo. De toda forma, alguns casos, sustos e eventos perdem completamente sua força simplesmente porque não é possível enxergar adequadamente o que está acontecendo.

Visualmente, Cursed New Year é bem simples, bem modesto, onde os ambientes do jogo são pouco detalhados e a decoração da casa é bem minimalista. Os efeitos sonoros seguem a mesma linha discreta, com efeitos ambientais básicos, alguns ruídos e trechos pontuais de dublagem com qualidade duvidosa. As vozes, quando aparecem, soam artificiais e pouco naturais. A trilha sonora é praticamente inexistente, apostando quase exclusivamente em sons ambientes para construir o clima, ou seja, não há momentos sonoros que vão marcar, nem nada que acompanhe a história de forma significativa.

No fim das contas, Cursed New Year é uma experiência extremamente curta, simples e limitada, que vale a experiência apenas pelo seu preço baixíssimo, ou para jogadores que apreciam jogos de terror minimalistas, no estilo walking simulator, sem desafios mecânicos e com foco exclusivo em ambientação, mesmo essa sendo falha em vários momentos. Mesmo dentro desse nicho, trata-se de um jogo fraco, que não é um desastre completo, mas que está muito longe de ter algo memorável.

Nota – 6,5

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