Dr. Slump & Arale-Chan Slump Box Movies The Book (2008) – Entrevista Especial

Dr. Slump & Arale-chan Slump Movies The Book – (21 de Setembro de 2008)

Entrevista Especial com Koyama Mami e Utsumi Kenji

Mami Koyama X Utsumi Kenji

Entrevista Especial
Uma conversa dos sonhos aconteceu entre Mami Koyama, que interpretou Arale, e Kenji Utsumi, que interpretou Senbei, da série dos anos 80 e da série “Voltou Só Um Pouquinho”! Eles falaram sobre a época em que o anime foi exibido e compartilharam histórias dos bastidores dos filmes!!

Norimaki Arale | Koyama Mami

Koyama Mami
Integrante da Aoni Production, seus trabalhos mais conhecidos incluem Lunch em “Dragon Ball”, Nils em “A Maravilhosa Viagem de Nils”, Momo em “Mahou no Purinsesu Minki Momo” e Kycilia Zabi em “Mobile Suit Gundam”, entre outros. Atualmente, ela atua como narradora do programa “Hodo Station (TV Asahi)” e também como dubladora da Sharon Stone em filmes estrangeiros.

Norimaki Senbee | Utsumi Kenji

Utsumi Kenji
Diretor representante da Ken Productions, seus trabalhos mais conhecidos incluem Papai em Mahoutsukai Sari, Raoh em “Hokuto no Ken”, Shenlong e Recoome em “Dragon Ball”, o locutor do Tenkaichi Budokai e o Presidente Kamogawa em “Hajime no Ippo”, entre outros. Ele também dublou Steve McQueen em filmes estrangeiros e atua como narrador em comerciais e programas de variedades.

O boom da Arale tomou conta do país.

Koyama: O tempo passa rápido… Já se passaram quase 30 anos desde que “Arale-chan” começou.
Utsumi: Para mim, Arale é uma obra cheia de memórias. Acho que é porque pude trabalhar nela junto com a Mami. A Mami é realmente incrível.
Koyama: Sério?
Utsumi: Desde aquela época, nada mudou. Eu até fiz muitos trabalhos diferentes, mas no fim das contas não mudei em nada.
Koyama: É (risos). Realmente, você não mudou nada (risos). Mas, na época do “boom da Arale”, nós viajamos por todo o país — praticamente não houve nenhuma província onde não tenhamos ido. Fizemos sessões de autógrafos, cantamos músicas.
Utsumi: Acho que chegamos a cobrir praticamente todos os telhados de lojas de departamento do país (risos). Todos nós fomos obrigados a cantar, mas era difícil e deu bastante trabalho.
Koyama: Naquela época, como era basicamente um evento diurno voltado para pais e filhos, não tínhamos trabalho à noite.
Utsumi: Isso mesmo.
Koyama: Eu me lembro bem de quando o Utsumi-san guiou todo mundo e nos levou a uma discoteca.
Utsumi: Ah, é verdade, aconteceu sim. Teve mesmo essas coisas.
Koyama: Mas como o Utsumi-san tinha uma voz alta e marcante, todo mundo percebia na hora que ele era o Senbei. E, além disso, ele ainda saía paquerando garotas jovens! Então, nós todos fingíamos que não o conhecíamos (risos). Onde quer que fôssemos, era óbvio. As pessoas percebiam imediatamente que era o Senbei. Isso era divertido.
Utsumi: Mas é isso que é o bom. O Senbei é tarado, afinal. Se você tirar o “tarado” do Senbei, não sobra nada (risos). Além disso, isso só mostra o quanto Arale era popular naquela época, não é?
Koyama: É verdade, as pessoas realmente amavam muito [a série]. Na época, eu via menininhas usando óculos iguais aos da Arale-chan e ficando todas felizes. Aquilo me deixou muito contente.
Utsumi: Foi realmente um grande boom, e muitos produtos foram produzidos. Minha casa estava abarrotada de produtos da Arale que chegavam até mim. Mas, antes que eu percebesse, eles tinham desaparecido. Se eu tivesse guardado tudo aquilo, acho que hoje valeria uma fortuna (risos).
Koyama: Onde quer que eu fosse, bastava dizer: “Estou interpretando a Arale”, e as pessoas entendiam na hora. Ultimamente, tenho trabalhado como narradora*¹ para programas de notícias, mas ainda fico sendo surpreendida quando ouvem: “O quê? Arale-chan?”
Utsumi: Quando assisto àquele programa, acabo pensando que a Arale está “lendo as notícias e se achando” (risos). Mas mesmo eu, jogando golfe, de repente alguém me chama: “Você é o doutor?” — e quando eu faço aquela cara confusa, a pessoa diz: “Eu assistia isso quando era criança” com nostalgia. Só então percebo que o doutor é, na verdade, o Senbei (risos). Até hoje me pedem para assinar “Senbei”. Realmente, esse tal de Senbei é incrível (risos).
Koyama: De alguma forma, o jeito que o Utsumi fala realmente lembra o Senbei (risos).

Uma versão para o cinema em grande escala!

Koyama: Utsumi-san, você tem lembranças do filme de cinema?
Utsumi: Hmm, deixa eu ver…
Koyama: Na série de TV, a Vila Pinguim era um mundo calmo e cotidiano, mas tenho a impressão de que nos filmes havia muitas cenas de luta.
Utsumi: Sim, eram bem mais dinâmicos, né? Como sair voando para o espaço, lutar contra bandidos, essas coisas.
Koyama: Tinha cenas de luta pra caramba, dava mesmo a sensação de ser um típico filme da Toei.
Utsumi: Bem, se o filme não tiver uma escala maior, acaba parecendo meio sem graça.
Koyama: Mesmo assim, todos conseguiram atuar de forma bem natural, mesmo fazendo a transição da série de TV para o cinema.
Utsumi: Como os personagens já estavam bem definidos desde a série de TV, conseguimos manter a mesma atmosfera. Além disso, a equipe era praticamente a mesma.
Koyama: Quem parecia ter mais dificuldade eram as vozes convidadas, não é?
Utsumi: Na série de TV, a gente entrava em um mundo que já estava construído até certo ponto.
Koyama: Mesmo na época, o elenco de Arale era incrivelmente luxuoso. Havia muitos dubladores acostumados a interpretar papéis de protagonistas reunidos, e entre eles alguns ainda faziam papéis duplicados*², interpretando vários personagens diferentes.
Utsumi: Havia muitos membros regulares no elenco, e dentro desse grupo, todos nós fazíamos competição de improviso (risos).
Koyama: É isso mesmo (risos). Todos competiam para ver quem conseguia inserir o improviso mais engraçado.
Utsumi: Mas tudo era improviso dentro do papel. Senbei tinha que improvisar como o personagem Senbei, então foi complicado. Eu precisava tomar cuidado para não estragar a atmosfera da obra. Todos eram rigorosos, e se alguém fizesse um improviso que não combinasse com o clima, recebia rejeição de todos. Mas quando o improviso era bom, todos aplaudiam. Nesse sentido, competir uns com os outros era realmente divertido.
Koyama: Arale não podia fazer bagunça nem exagerar, e como suas falas nunca tinham mais de três linhas, não havia espaço para improviso (risos).
Utsumi: Para Arale, bastava dizer “Kiin”.
Koyama: E “Hoyoyo” (risos). Mas, aparentemente, quando a produção começou, decidiram que Arale não deveria ter falas com mais de três linhas. No mangá original, o próprio Toriyama-sensei também não dava falas longas para Arale. Por isso, mesmo nos filmes, ela continuava com “N’cha”, “Hoyoyo” e “Cocô! Cutuca, cutuca” (risos).
Utsumi: Por causa disso, Senbei teve bastante dificuldade.
Koyama: Desculpeee.
Utsumi: Mas, sabe, o filme foi divertido porque Senbei passou por várias mudanças. Na série de TV, ele era apenas um entre muitos, mas no filme teve que se destacar bastante (risos). Olha o pôster de “Wonder Island”, ele está tão charmoso, não é?
Koyama: Bem, essa expressão só dura uns três minutos (risos).
Utsumi: Enfim, mesmo interpretando o mesmo personagem, Senbei, eu precisava mostrar diferentes lados dele. Então, às vezes, eu pensava: “Que legal!” enquanto atuava. Mas, no fim, todas as partes mais interessantes acabavam ficando com Arale (risos).
Koyama: Sinto muito mesmo (risos).

A obra em que consegui dar minha melhor atuação.

Utsumi: Mas olha, acho que também foi difícil para a equipe.
Koyama: Como assim? Do nada…
Utsumi: Quando fazíamos a gravação de vozes, as cenas já estavam praticamente todas desenhadas.
Koyama: Quase 100% das vezes já havia animação, né? Me lembro que todos nós tínhamos combinado que não faríamos improvisos se não tivesse imagem.
Utsumi: Improvisos não podem ser feitos sem imagens. No entanto, não é possível criar improvisos interessantes apenas tendo as falas escritas.
Koyama: Somente quando você sabe se a outra pessoa está se movendo ou que tipo de expressão ela faz depois de dizer suas falas é que pode fazer uma boa performance.
Utsumi: Se você assistir ao filme, vai entender, o timing é perfeito. Por ser “Arale-chan”, a história flui em um ritmo tranquilo. Acho que dá para sentir a respiração entre as falas.
Koyama: E naquela época, ainda usávamos filme para gravação de vozes. Se errávamos uma fala, a primeira coisa que fazíamos era nos virar e pedir desculpas ao projecionista. Naquela época, se você quisesse regravar o som, tinha que rebobinar o filme (risos).
Utsumi: Além disso, quando gravávamos para a versão cinematográfica, era melhor usar uma tela grande. Afinal, se a tela fosse pequena, até a atuação acabava ficando contida. No cinema, Senbei e Arale não podiam atuar no mesmo nível da série de TV — era preciso saltar da televisão para a tela grande! Nesse sentido, Arale foi uma obra com o elenco perfeito e que nos permitiu dar as melhores performances.
Koyama: Todos em Arale-chan foram excelentes!
Utsumi: Exato! Incluindo o próprio Toriyama-sensei, o autor original! E mais: o Torishima-san*³ também foi incrível! Afinal, foi ele quem descobriu o Toriyama-sensei e conseguiu mantê-lo (risos).
Koyama: É verdade, né? (risos).

Senbei só consegue se transformar em um galã por três minutos. Esta é a cena em Wonder Island.

Vila Pinguim é uma vila ideal.

Utsumi: Como a Mami disse antes, a versão cinematográfica tem uma escala maior, mas o melhor é que continua sendo um entretenimento para toda a família.
Koyama: Com certeza. Originalmente era voltado para crianças, ou melhor, para famílias. Qualquer um podia se divertir de forma descontraída, e toda a família podia assistir junta.
Utsumi: Na série de TV também era assim, mas mesmo quando Arale ou Senbei interpretavam outros papéis, conseguíamos entrar na história sem dificuldade.
Koyama: Na série de TV fizemos paródias de Cinderela e da Lenda do Rei Arthur*⁴, mas na versão cinematográfica parecia que tudo era permitido, sem restrições.
Utsumi: “Ser levada pelo tubarão que salvei…” é como um sonho se tornando realidade.
Koyama: Exatamente. É divertido imaginar que há um reino no fundo do mar e que Urashima Taro está lá desde sempre.
Utsumi: A série “Voltou Só Um Pouquinho”¹ não era uma versão cinematográfica que voltou depois de cerca de oito anos?
Koyama: Exato.
Utsumi: Naquela época, eu conseguia interpretar o Senbei sem nenhuma dificuldade.
Koyama: Eu também não senti desconforto.
Utsumi: Mesmo com o intervalo desde o fim da série de TV, eu consigo interpretar o Senbei com facilidade.
Koyama: Trabalhos assim são raros, não é mesmo?
Utsumi: Acho que isso vem do clima acolhedor e caloroso da Vila Pinguim.
Koyama: Acho que só o Toriyama-sensei poderia criar o adorável mundo da Vila Pinguim.
Utsumi: Acho que a simplicidade do sensei teve um papel fundamental.
Koyama: É verdade. Lembro que, quando conversei com ele antes, ele me contou que, quando instalaram o primeiro semáforo na vila, ele foi vê-lo segurando uma bandeira.
Utsumi: É mesmo (risos). É por isso que ele consegue criar um mundo como esse. A Vila Pinguim é uma vila que dá sonhos às crianças, e até o Mashirito e o Rei Nicochan são tão únicos que é impossível não gostar deles.
Koyama: Há muito carinho nisso, não é?
Utsumi: Hoje em dia, o mundo está muito cruel. Sinto isso especialmente por trabalhar como Seiyuu.
Koyama: Na Vila Pinguim não existem assassinatos, e mesmo quando há violência — como, por exemplo, rachar a Terra ao meio — tudo termina apenas como uma piada.
Utsumi: Isso mesmo. Nesse sentido, o mundo da Vila Pinguim é um ideal.
Koyama: Não existem jogos nem e-mails. Mas na vila, a Arale vive correndo por aí, e o Suppaman se diverte de skate (risos). Todos se conhecem, e a comunicação entre os moradores acontece de forma natural.
Utsumi: Por isso atuar foi tão divertido!

O Utsumi-san se parece com o Senbei.
Episódio 3 de Dr. Slump Arale-chan. Todos os personagens aparecem e fazem uma paródia de Cinderela.

Vamos todos nos divertir ♡.

Utsumi: Então, para encerrar, por favor, deixe uma mensagem da Arale para quem assistiu a este DVD!
Koyama: Assim, de repente? Que inesperado (risos). Não seria melhor que fosse o doutor a dizer algo assim? Afinal, a Arale-chan nunca tem mais de três linhas de fala (risos).
Utsumi: O Senbei já tem 70 anos (risos). E como eu disse antes, o mundo anda tão cruel que acho que seria bom a Arale dizer alguma coisa. O Senbei já está bem só com um “Dahaha~” (risos). Vá lá, diga isso para o mundo!
Koyama: Divirtam-se ♡… Quer dizer, com tanta pressão assim eu não consigo dizer nada (risos). A cada vez a barra vai ficando mais alta (risos).
Utsumi: Era exatamente essa a ideia (risos).
Koyama: Bem, brincadeiras à parte, eu acho que “Arale-chan” é uma obra que pode ser apreciada por qualquer geração. Houve até uma postagem no quadro de mensagens da minha página: “Nasci na era Heisei, então a exibição de Arale já tinha terminado”. Mas a pessoa também escreveu: “Recentemente assisti pela primeira vez e fiquei surpreso com o quanto é divertido. Gostaria de ter nascido um pouco antes”. Isso me deixou muito feliz. Foi quando percebi que “Arale-chan” é realmente um anime que transcende gerações.
Utsumi: Hoje em dia existem canais especializados em anime por satélite, e como dá para assistir a tantas obras ao mesmo tempo, acho que é difícil para os espectadores. Eles acabam ficando saturados antes mesmo de começar a assistir.
Koyama: Dizem que as crianças de hoje em dia têm cada vez mais dificuldade em fazer escolhas. E justamente porque há tanta informação e tantos animes complexos, eu quero que elas aproveitem “Arale-chan” de forma simples e pura! Então, Doutor Senbei, por favor, diga também algumas palavras!
Utsumi: Hoje em dia, com a internet e os e-mails de celular se popularizando tanto, sinto que as “conversas de verdade” estão diminuindo. E até mesmo as conversas em família estão se tornando mais raras. Por isso, quero que assistam a esta obra e que ela crie assuntos para pais e filhos compartilharem. Espero que o pai, a mãe — toda a família — assista junto.
Koyama: Para o Senbei, até que você disse uma coisa boa (risos).
Utsumi: Até o Senbei, de vez em quando, consegue ficar sério! Como quando tenta conquistar a Midori-san (risos).
Koyama: Nesse caso, como era de se esperar, não dura mais do que três minutos (risos).

A Vila Pinguim é um mundo ideal!!
Quero que todos aproveitem “Arale-chan” de forma genuína!!
*1 “Koyama atualmente atua como narrador do programa “Hodo Station” (TV Asahi).
*² Quando um membro do elenco interpreta vários personagens em um programa.
*³ Torishima Kazuhiko: primeiro editor de Toriyama-sensei. Atualmente é diretor da Shueisha.
*⁴ Além da história principal ambientada na Vila Pinguim, várias histórias derivadas também foram produzidas como episódios especiais na série de TV.

Glossário

  1. Série “Voltou Só Um Pouquinho” (ちょっとだけかえってきたシリーズ): Subdivisão de Dr. Slump, correspondente à segunda fase produzida no início dos anos 90. Esta série inclui o breve retorno de Dr. Slump com quatro filmes e um mangá, ilustrado por Katsuyoshi Nakatsuru, com roteiro de Takao Koyama e supervisão de Akira Toriyama. Dr. Slump é categorizado em três fases: Série dos anos 80 (80’sシリーズ), Série “Voltou Só Um Pouquinho” (ちょっとだけかえってきたシリーズ) e Série dos anos 90 (90’s).

Agradecimento especial ao @Macho_Man88 (X, antigo Twitter) por ter escaneado o livro e disponibilizado gratuitamente.

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