Análise: Indiana Jones e o Grande Círculo no PlayStation 5
Mais de 15 anos após o último título da franquia, Indiana Jones e o Grande Círculo finalmente chega aos consoles PlayStation, incluindo o PS5 e PS5 Pro, marcando a estreia do icônico arqueólogo em plataformas da Sony sob o selo da MachineGames em parceria com a Lucasfilm Games. Com narrativa inédita, ambientação cinematográfica e foco em exploração e enigmas, o jogo se mantém fiel ao espírito das aventuras clássicas de Indy, ainda que tropece em áreas técnicas, principalmente no combate. No entanto, a chegada ao PlayStation 5 adiciona novos elementos visuais e de desempenho que tornam essa versão a mais refinada até agora.
Situado entre Os Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada, o jogo leva Indiana Jones a uma caçada global contra nazistas liderados por Emmerich Voss, que busca controlar o poder do artefato “Grande Círculo”. A trama, repleta de enigmas, locais históricos e ação cinematográfica, captura bem o tom dos filmes. O carisma do vilão e a parceria com a repórter Gina Lombardi adicionam dinâmica à narrativa, mesmo que certos momentos sejam previsíveis.
Explorando locais icônicos, como a Faculdade Marshall, o Vaticano, as pirâmides do Egito ou os templos submersos de Sukhothai, a trama começa com o roubo de um artefato aparentemente irrelevante, mas que está diretamente relacionado a um segredo maior. Ao investigar, Indy se depara com uma figura misteriosa e gigante, o que dá início a uma jornada para descobrir o verdadeiro significado por trás do roubo e do Grande Círculo. Ao longo do caminho, ele formará alianças e enfrentará inimigos familiares, resolvendo enigmas e sobrevivendo a situações desafiadoras.
O chicote de Indiana Jones é a principal ferramenta do personagem, sendo usado para distrair, desarmar e atacar inimigos, além de ser essencial para a navegação pelo ambiente. Ele também pode ser usado para realizar saltos sobre patrulhas e escalar paredes. As mecânicas de combate incluem infiltração furtiva, combate corpo a corpo e uso de armas de fogo, tudo focado em eliminar ameaças e avançar na investigação do mistério.
O jogo oferece uma combinação de gameplay linear, focado na narrativa, e mapas de áreas abertas. Ao longo da jornada, você poderá explorar locais dinâmicos, desvendando segredos antigos, armadilhas mortais e enigmas complexos. Cada local pode esconder peças essenciais do mistério, ou… cobras. Afinal, quem não se lembra da famosa frase: “Por que tinha que ser cobras?”
A visão em primeira pessoa divide opiniões, mas funciona bem durante a exploração e resolução de enigmas — pontos fortes do jogo. A imersão é reforçada pela ambientação detalhada e pelo design criativo dos puzzles. Em contraste, o sistema de combate continua sendo o elo mais fraco: a IA inimiga é falha, e a movimentação nas lutas é travada. A improvisação com chicote, punhos e objetos do ambiente é conceitualmente interessante, mas mal executada.
A dublagem em português é um dos destaques. Marcelo Pissardini entrega uma performance cativante como Indiana Jones, transmitindo carisma e emoção sem cair na imitação de Harrison Ford. Gabriel Claudino como Voss também se destaca, garantindo tensão dramática e presença.
A interação com o ambiente também deixa a desejar. Ações simples como abrir portas ou usar objetos são lentas, o que quebra o ritmo em sessões longas.
Versão PlayStation 5: performance superior com ganhos visuais pontuais
A versão para PS5, especialmente no PS5 Pro, apresenta melhorias gráficas notáveis. O jogo roda com resolução nativa de 4K (2160p) e taxa de quadros estável a 60 fps, mesmo com ray tracing ativado. Essas melhorias técnicas conferem mais consistência visual e suavidade à experiência, algo que beneficia diretamente a exploração e a ambientação, mesmo que os ganhos sejam considerados incrementais e não transformadores.
Destacam-se os seguintes aprimoramentos exclusivos da versão de PS5 Pro:
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Iluminação global mais refinada, com reflexos e sombras mais naturais.
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Oclusão de ambiente aprimorada, aumentando a percepção de profundidade em cenas internas e externas.
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Sombras de contato mais definidas, especialmente em áreas com objetos pequenos e luz dinâmica.
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Imagem mais estável, com menos variações de resolução e menor incidência de serrilhados.
Esses ajustes não mudam o design do jogo, mas garantem que o PS5 (principalmente o Pro) ofereça a versão definitiva do jogo em consoles, superando inclusive o Xbox Series X em estabilidade visual.
Pontos Positivos
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História inédita respeita os filmes e entrega ritmo e tom compatíveis com a franquia.
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Puzzles bem construídos e integrados à narrativa.
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Ambientação rica, com recriações detalhadas de locais históricos.
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Performance sólida e visuais aprimorados no PS5 Pro.
Pontos Negativos
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Combate fraco e IA inimiga limitada.
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Interações lentas com o ambiente prejudicam o ritmo.
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Algumas áreas são visualmente belas, mas vazias e repetitivas.
Indiana Jones e o Grande Círculo mantém-se como uma homenagem competente à franquia, trazendo um bom equilíbrio entre nostalgia e inovação. Na versão de PlayStation 5, especialmente no PS5 Pro, o jogo encontra seu melhor desempenho técnico, oferecendo gráficos mais estáveis, iluminação refinada e fidelidade visual superior.
Contudo, para alcançar o status de clássico de sua geração, o jogo ainda precisa de ajustes significativos na jogabilidade, especialmente no refinamento das mecânicas de combate e interação. O sistema de luta improvisada, apesar de conceitualmente interessante, carece de profundidade e fluidez, comprometendo a experiência em momentos-chave. A inteligência artificial também exige aprimoramento, já que os inimigos raramente representam um desafio consistente. Soma-se a isso a repetição de certas tarefas e a falta de dinamismo nos ambientes, fatores que impactam negativamente a imersão e tornam a exploração, por vezes, pouco envolvente.
Apesar dessas limitações, o jogo acerta em cheio na ambientação e no respeito ao universo da franquia. Quando as mecânicas de exploração e resolução de enigmas entram em cena, o título brilha ao proporcionar a autêntica sensação de encarnar Indiana Jones, desbravando locais exóticos e enfrentando desafios à altura do personagem.
No fim das contas, Indiana Jones e o Grande Círculo entrega uma aventura com altos e baixos, mas que certamente agradará os fãs. Ainda que não atinja seu potencial máximo, oferece uma jornada cativante que traduz bem o espírito do herói. Com os ajustes certos, pode vir a se tornar um verdadeiro clássico moderno. Por ora, permanece como uma adição sólida ao legado de Indiana Jones — com espaço para crescer, assim como o próprio aventureiro ao longo de suas histórias.