Commandos: Origins – Análise

Commandos: Origins – Análise

Depois de quase duas décadas e meia sem um novo título, Commandos: Origins chega como um reboot da clássica série de tática em tempo real ambientada na Segunda Guerra Mundial. A proposta é clara: contar a origem da unidade de elite que protagonizou os jogos anteriores, mantendo o foco no stealth estratégico e no uso coordenado de personagens com habilidades únicas.

O jogo apresenta 14 missões em biomas variados, desde ambientes árticos até desertos, cada um com rotas alternativas e formas distintas de alcançar os objetivos — seja por abordagem furtiva, pacifismo absoluto ou confrontos controlados. A diversidade visual entre os mapas é um ponto alto, com layouts amplos que favorecem a experimentação. Há também incentivos extras, como colecionáveis históricos e objetivos secundários, que aumentam a rejogabilidade.

Os seis Comandos possuem habilidades únicas, e o sistema de comandos sincronizados (“Command Mode”) permite organizar ações em grupo com precisão. Essa mecânica, aliada ao suporte para cooperação local ou online, adiciona profundidade ao gameplay. No entanto, o controle dos cones de visão dos inimigos — peça-chave para o stealth — é inconsistente. Não é possível ativar todos os cones ao mesmo tempo, e o sistema de marcação é pouco confiável, especialmente com controle analógico. A inteligência artificial é igualmente irregular: em algumas situações, inimigos ignoram corpos ao lado deles; em outras, soam o alarme sem motivo claro. Apesar disso, ao serem alertados, patrulham ativamente a área — mas com limitações, como a incapacidade de subir em telhados, o que pode ser explorado pelo jogador.

Não há sistema de inventário. É impossível pegar armas, munição ou disfarces dos inimigos, o que limita a improvisação e quebra a tradição da franquia. Itens como granadas e balas de sniper estão fixos em locais específicos dos mapas. Essa decisão torna a jogabilidade mais rígida e menos adaptável às ações do jogador.

O modo de ações simultâneas funciona na maior parte do tempo, mas falhas ocasionais ocorrem, como personagens que simplesmente não executam seus comandos. Diante disso, o uso do sistema de salvamento é essencial. O jogo incentiva saves constantes e oferece atalhos rápidos e até um cronômetro que avisa há quanto tempo foi feito o último salvamento — algo indispensável considerando os bugs e a dificuldade natural das missões.

A câmera isométrica agora é rotacionável, e a interface nos consoles é funcional, mas os menus de salvamento apresentam falhas. O desempenho técnico é um dos maiores problemas: há tearing constante ao mover a câmera, animações engessadas, colisões invisíveis e bugs de renderização em ambientes internos, especialmente ao alternar entre andares. Apesar do uso da Unreal Engine 5, os gráficos são apenas competentes, com texturas e iluminação adequadas, mas sem impacto visual significativo. A ambientação cumpre seu papel, mas não impressiona.

O áudio segue a mesma linha: a trilha orquestrada é correta, mas esquecível; os efeitos sonoros remetem aos jogos antigos e têm certo charme; e as dublagens são apenas funcionais. Tudo colabora para a sensação de um jogo que respeita sua origem, mas sem ousar modernizar.

Commandos: Origins tem uma base sólida e entrega tática e desafio dignos da série, mas tropeça na execução técnica e em escolhas que limitam seu potencial. Fãs da franquia e do gênero furtivo encontrarão momentos de diversão, especialmente via Game Pass. Fora disso, é recomendável esperar por atualizações e promoções.

Nota: 8,0

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