Dragon Ball Daima, Special Booklet – Entrevista Especial Parte 2

Dragon Ball Daima Special Booklet – (2 de Julho de 2025)

Entrevista Especial com a Staff

Entrevista Especial

Produtor Executivo da Série “Dragon Ball”

Entrevista com Akio Iyoku

Conversamos com o produtor executivo Akio Iyoku, uma figura essencial que acompanhou “Dragon Ball Daima” desde o início, transmitindo as ideias e a voz do Akira Toriyama-sensei ao estúdio e levando as aventuras do Grande Reino dos Demônios ao mundo. Ele compartilha conosco histórias e episódios dos bastidores da produção e de Toriyama-sensei.

Dragon Ball Daima, criado junto com o Toriyama-sensei.
Iyoku-san, qual foi seu papel nesta produção?

Do início ao fim, acompanho tudo que envolve o desenvolvimento geral da obra. Dentre essas tarefas, o meu trabalho principal é a comunicação com o Toriyama-sensei.
Meu papel é transmitir à equipe de produção as intenções por trás dos roteiros e designs criados por ele. Além disso, supervisiono desde a produção do anime até os anúncios e o desenvolvimento de produtos…
Acho que dá pra dizer que sou uma espécie de “supervisor-geral”. (risos)

Poderia nos contar como surgiu o projeto de Dragon Ball Daima?

No início, não planejávamos pedir ao Toriyama-sensei que escrevesse a história. Naquela época, ainda estávamos produzindo o filme Dragon Ball Super: Super Hero, então, naturalmente, não pretendíamos pedir também uma série.
Quando levamos a ele a proposta de fazer uma nova série de anime totalmente original, ele concordou em criar apenas o começo da história. Mas, conforme as reuniões foram acontecendo, ele acabou se envolvendo cada vez mais – e, no fim das contas, foi ele quem acabou criando toda a história.

Que tipo de interações você teve com o Toriyama-sensei enquanto criava a história?

Houve um período em que nos comunicávamos quase diariamente. Eu compartilhava tudo o que pensava sobre as ideias do Toriyama-sensei, oferecendo alternativas em vez de apenas dar minhas opiniões. Mas, sempre que ele incorporava uma dessas sugestões, devolvia algo ainda melhor do que eu havia imaginado.
Por causa desses altos e baixos, o conceito inicial e o roteiro final acabaram ficando bastante diferentes. A segunda metade, em particular, levou mais tempo, pois exigiu muita reflexão cuidadosa. Durante o período de elaboração da história, ele também desenhou muitos personagens e ilustrações paralelamente, o que me ajudou a compreender o universo da obra de forma mais profunda.

Durante as suas conversas com o Toriyama-sensei, qual episódio ficou mais marcado para você?

Acho que a abordagem do Toriyama-sensei para o design de personagens tem um equilíbrio único. Também percebi que ele possui um forte comprometimento com cada detalhe. Quando tentamos realçar o apelo de um personagem de forma convencional, tendemos a exagerar na definição do personagem, intensificar as emoções e criar efeitos dramáticos. Mas o Toriyama-sensei evita esse tipo de expressão ao máximo.
Personagens como Glorio e Arinsu, que agem às escondidas do protagonista, poderiam acabar com expressões emocionais complexas e justificativas elaboradas para suas ações. Mas, como são demônios, sua forma de expressar emoções é diferente da nossa. Apesar da aura misteriosa, eles se movem segundo princípios de ação surpreendentemente simples. Acho que esse senso de equilíbrio refinado é o que gera uma história clara e fácil de entender.
Além disso, quando introduzimos personagens pela primeira vez, sempre há o desafio de decidir o quanto detalhar seus backgrounds. De modo geral, procuro não preparar tudo em excesso. Deixar espaço para a imaginação, caso o personagem apareça em outra situação mais adiante, contribui para tornar a história ainda mais interessante.

Uma nova obra que foge ao estilo tradicional de “Dragon Ball”.
O que foi mais importante para você durante a produção desta obra?

Embora a base tenha como referência “Dragon Ball GT”, nosso maior objetivo foi criar uma obra totalmente nova como série de anime. Por se tratar de uma franquia tão amada há anos, a equipe de produção tende naturalmente a buscar a “essência de Dragon Ball”. No entanto, essa imagem varia muito de acordo com a geração e o gosto de cada um.
Por mais que tentemos seguir os trabalhos anteriores, as pessoas podem se decepcionar se nos afastarmos da ideia que cada uma tem do que é “Dragon Ball”. Por isso, embora estivéssemos atentos a essa essência, também nos esforçamos para criar uma história que qualquer pessoa – mesmo quem assiste Dragon Ball pela primeira vez – pudesse apreciar plenamente.

O que você pediu ao elenco para que levasse em consideração ao interpretar seus personagens?

Isso se conecta com o que comentamos anteriormente sobre o design de personagens: a forma de expressar emoções é um pouco diferente da maneira humana. Normalmente, na criação de um personagem, você pensa: “isso aconteceu, eu pensei isso, então faço tal ação”, construindo o papel a partir das emoções. Mas eu queria que os personagens agissem por reflexo, sem buscar justificativas emocionais para seus atos.
Atuar sem criar emoções detalhadas só é possível com Seiyuus realmente talentosos. Captar a essência de um personagem apenas observando sua ilustração é bastante difícil. Nesse sentido, sinto que tivemos muita sorte com os Seiyuus nesta produção também.

Relembrando a aventura no Grande Reino dos Demônios.
Qual é a sua cena de batalha favorita, Iyoku-san?

É a batalha entre Goku (Mini) e Tamagami Número Três, aproveitando ao máximo o espaço circular. Foi no episódio 8, mas naquela altura, acho que ninguém esperava uma cena de ação tão intensa. Criar uma sequência de ação impactante com personagens de corpo pequeno é extremamente difícil. Por isso, achei incrível como eles conseguiram retratar tudo de forma tão estilosa, usando objetos como o Nyoibou (Bastão Mágico) e aproveitando o espaço disponível.
Foi uma cena que realmente mostrou o nível técnico de toda a equipe da Toei Animation.

As lutas contra os Tamagami foram ótimas, e os acontecimentos depois das batalhas também foram muito interessantes.

Acho que o Toriyama-sensei pensou que seria entediante se Goku apenas lutasse, vencesse e recebesse as Esferas do Dragão. Como mencionei antes, as cenas de batalha são excelentes, mas também havia a diretriz de não tornar a história apenas uma busca por força. Além disso, há um limite para continuar apenas com batalhas sérias envolvendo personagens de estatura pequena.
Nos primeiros tempos do mangá Dragon Ball, o próprio Toriyama enfrentou o mesmo problema, e foi assim que Goku começou a crescer. Em Dragon Ball Daima, ele incluiu de forma intencional desenvolvimentos divertidos e cenas de comédia.

No episódio 8, “Tamagami”: Foram mostradas diversas cenas de combate, incluindo ações com o Nyoibou, lutas corpo a corpo sem armas e transformações em Super Saiyajin.

Entre os lugares que Goku (Mini) e seus amigos aventuraram-se, qual deixou a impressão mais marcante?

Sinto que o planeta Mega se tornou realmente um planeta que podemos chamar de “Grande Mundo Demoníaco”¹.
No início, o Terceiro Reino dos Demônios tinha muitos lugares à mercê da desordem, então discutimos a ideia de incluir no Segundo Reino Demoníaco um planeta que transmitisse a sensação de mistério e maravilha do Grande Reino dos Demônios. Foi assim que surgiu a história do Episódio 13. Com o tema de um “planeta com cara de Grande Mundo Demoníaco”, nunca imaginei que criaturas gigantes apareceriam – e ainda por cima com um tamanho totalmente fora do comum!
Ao sair do planeta Mega, Piccolo (Mini) diz: “Que lugar é esse… realmente, como esperado de um mundo demoníaco”. Fico feliz que tenha se tornado um lugar com o qual os espectadores podem se identificar.

Ilustrações das criaturas do planeta Mega desenhadas por Toriyama-sensei. O planeta Mega aparece no episódio 13, “Surpresa”. Também vale a pena notar a diferença de tamanho entre os Megas e Goku (Mini) e seus companheiros.

As transformações em Super Saiyajin 3 e Super Saiyajin 4 também se tornaram um tema comentado nas redes sociais, mas de que maneira elas foram introduzidas?

A história se passa após a batalha contra Majin Boo, então foi natural que Goku se transformasse em Super Saiyajin 3. Se Goku se transformasse, faria sentido que Vegeta o acompanhasse – então a transformação em Super Saiyajin 3 foi decidida sem dificuldades. No entanto, pensei bastante sobre o Super Saiyajin 4. Sem algum tipo de desenvolvimento ou gatilho na narrativa, a transformação não seria aceita, e se fosse fazê-la, eu queria incluir algo que surpreendesse todos. Não achei que seria bom forçar a transformação por conveniência.
Ainda assim, como comecei a história com “Dragon Ball GT” em mente, decidi criar um fluxo na narrativa que permitisse a transformação. O design segue o Super Saiyajin 4 original, mas no desenho que Toriyama fez para esta história, ele é mostrado tirando o Gi, o que achei marcante. O fato do Gi não rasgar, mas ser cuidadosamente removido, sugere que ele tem mais racionalidade que a selvageria de um Oozaru, e pedi que isso fosse bem representado na direção da cena.

Ilustração de Toriyama mostrando Goku tirando seu quimono. A camada interna e a faixa também não estão rasgados, permanecendo em bom estado.
No episódio 19, “Traição”: Ele tira o gi pouco antes de se transformar em Super Saiyajin 4.
Katsuyoshi Nakatsuru, que desenhou o personagem Super Saiyajin 4 para “Dragon Ball GT”, foi responsável pelo design de personagens da animação em “Dragon Ball Daima”.

Repleto de ilustrações inéditas! Falando sobre as suas “favoritas”.
Durante a produção, você mencionou que Toriyama-sensei desenhou muitas ilustrações. Havia alguma de que o próprio sensei gostasse particularmente?

Eu nunca cheguei a perguntar diretamente qual seria a sua ilustração “favorita”, mas entre as muitas que ele desenhou, dá para perceber quando o traço estava fluindo bem. Por isso, gostaria de apresentar algumas que me fazem pensar que o senhor as desenhou com prazer.
Para começar, acho que ele provavelmente gosta do Tio e da Tia do Drive-in. A tia até aparece no final da história. Tanto a personalidade quanto o design deles têm um charme único… embora talvez seja só porque eu gosto muito deles. (risos)

O tio e a tia do drive-in, desenhados por Toriyama-sensei, aparecem no episódio 4, “Tagarela”, e entre outros. Apesar do design peculiar, eles também transmitem uma sensação de familiaridade e da vida cotidiana.

Além disso, existe uma ilustração do Segundo Reino, e nela o Kraken foi desenhado com tanto cuidado que é possível perceber o quanto o conceito por trás dele foi trabalhado. Isso me faz pensar que ele talvez fosse um personagem importante na mente de Toriyama-sensei. Observando a ilustração, dá para ver que não havia apenas o Kraken que atacou Goku (Mini) e os outros – mas existem vários espalhados pelo mar do Segundo Reino.
Os soldados da Polícia Militar também foram desenhados com muitos detalhes, então imagino que ele também gostasse deles. No seu autorretrato, ele até aparece vestindo o uniforme da polícia militar. O emblema do Makai, presente no uniforme, aparece em vários outros lugares também. Creio que essa parte do universo já estava bem definida desde as primeiras fases da produção.

A ilustração do Segundo Reino desenhada por Toriyama-sensei. O Kraken aparece no episódio 10, “Oceano”, e entre outros, acompanhados também de comentários feitos pelo próprio Toriyama-sensei.
A ilustração do arsenal da polícia militar, desenhada por Toriyama-sensei. O padrão vermelho e preto no peito dos soldados é o emblema do Makai. Esse mesmo símbolo também aparece nos aviões utilizados pela polícia militar.
O autorretrato desenhado por Toriyama-sensei. Ele foi divulgado quando o título “Dragon Ball Daima” foi anunciado, acompanhado do comentário do próprio mestre: “Talvez eu esteja muito mais empolgado do que de costume!”.

Ele também desenhou muitos veículos. Os aviões que aparecem na obra têm designs praticamente todos baseados diretamente nas ilustrações de Toriyama-sensei. As partes brilhantes desses aviões usam minério de Majilite, cuja cor varia de acordo com a sua qualidade e desempenho. No Primeiro Reino, a Majilite é azulada, enquanto no Terceiro Reino ela tende ao amarelo. A impressão é de que a do Primeiro Reino é mais cara e de desempenho superior.

Um avião desenhado por Toriyama-sensei. Esta ilustração mostra o mesmo modelo usado por Glorio para viajar até a Terra no episódio 2, “Glorio”. Trata-se de um pequeno planador do Terceiro Reino.
No episódio 1, “Conspiração”: Gomah e os outros também usam um pequeno avião de formato semelhante, mas o Majilite é azul-claro e tem um design mais fino.

Iyoku-san, quem é seu personagem favorito?

Acho o Warp-sama incrível. Não é o tipo de design que alguém imaginaria ao tentar criar um meio de transporte. Quando recebi a ilustração pela primeira vez, eu nem conseguia entender o que ele era. O sensei também fez uma ilustração com vistas dos quatro lados, e todas elas têm um equilíbrio perfeito, construídas com um nível impressionante de precisão.
Também gosto muito do Hybis. Claro, um dos motivos é a personalidade adorável dele, mas também sinto que ele representa bem o Grande Reino dos Demônios. Não é exatamente uma sensação de brutalidade… mas sim um forte “ar de mistério”. Quando ouvimos “Dai Makai”, a palavra “Makai” faz a gente imaginar algo maligno ou assustador, mas a impressão que tive é que as pessoas que vivem lá, em geral, têm um ritmo próprio e exalam uma atmosfera tranquila e acolhedora. Tirando, claro, a má segurança do Terceiro Reino e a tropa de polícia militar que aparece como inimiga… Além disso, eles ainda receberam um papel tão importante no clímax.

Warp-sama, desenhado por Toriyama-sensei, aparece no episódio 3, “Daima”, e entre outros. Na verdade, sua figura já havia sido revelada em um Teaser antes do início da transmissão de “Dragon Ball Daima”, mas será que alguém conseguiu perceber que sua verdadeira identidade era um dispositivo de teletransporte?
No episódio 5, “Panzy”: Hybis acabou assumindo um papel importante ao obter o Terceiro Olho – algo que, ao que parece, não fazia parte do plano inicial, mas surgiu ao longo do processo, conforme o roteiro era revisado repetidas vezes.

Para encerrar, gostaria que deixasse uma mensagem aos fãs de Dragon Ball.

Vocês se divertiram assistindo “Dragon Ball Daima”? Naturalmente, após esta obra, estamos nos dedicando bastante a vários projetos que já estão em andamento. A série “Dragon Ball” continuará daqui para frente, então espero que todos aguardem com expectativa.

Entrevista da equipe: Yoshitaka Yashima & Aya Komaki

Yoshitaka Yashima, diretor de “Dragon Ball Daima”, e Aya Komaki, que o apoiou na função de diretora da série.
Entrevistamos esses dois membros centrais da equipe de produção para ouvir suas impressões sobre a obra e histórias do processo de criação.

Um novo desafio para Dragon Ball.
Poderia nos contar sobre sua experiência pessoal e seu envolvimento com a série Dragon Ball?

Yashima: Quando a série de TV “Dragon Ball” começou, eu ainda não fazia parte da equipe, mas contribuí em alguns dos filmes. Mais tarde, fui convidado para trabalhar na série de TV “Dragon Ball Super” como responsável pelo Ekonte², diretor de animação e animador-chave. Esse foi o caminho que acabou me trazendo até Dragon Ball Daima.
Komaki: Eu assistia “Dragon Ball” e “Dragon Ball Z” como uma simples espectadora e esperava ansiosamente por cada episódio toda semana. Esta é a minha primeira vez trabalhando profissionalmente na série “Dragon Ball”, e foi uma oportunidade muito valiosa. Tive a chance de aprender sobre a criação de personagens, as histórias e a forma de pensar do Toriyama-sensei.

Quais foram suas impressões ao ler o conceito original e a história do Toriyama-sensei?

Yashima: Senti surpresa e empolgação ao ver um novo “Dragon Ball” que ainda não havia sido revelado ao mundo. Além disso, quando me mostraram o material pela primeira vez, ele ainda estava incompleto. Mas como “Dragon Ball” sempre surpreende positivamente o público, fiquei ainda mais empolgado para imaginar o que aconteceria a seguir.
Komaki: Fiquei surpresa ao ver que ele havia escrito não só o enredo geral, mas até mesmo os diálogos detalhados. Na cena em que Neba canta, as falas incluem até notas musicais, e a saudação do Majin Duu – “Ncha!” – também foi criada pelo próprio Toriyama-sensei. Dá para sentir o quanto ele coloca carinho e humor em cada detalhe.
Também fiquei chocada ao descobrir que existe até uma loja de conveniência no Grande Reino dos Demônios. Nas mãos de Toriyama, o Makai deixa de ser um lugar aterrorizante e passa a parecer algo familiar, o que é muito característico do estilo dele e achei isso muito interessante.
Yashima: Cada membro da equipe, incluindo eu, carrega sua própria imagem de Dragon Ball, formada desde a infância. Porém, durante a produção, procuramos seguir a visão do Toriyama-sensei e manter uma sensação de “Dragon Ball” unificada.

Durante a produção, que tipo de comunicação vocês tiveram com o Toriyama-sensei e com o produtor executivo Akio Iyoku?

Yashima: Não apenas para cada episódio, mas também para cada cena, recebemos orientações detalhadas – nada de instruções vagas ou abstratas.
Komaki: Também recebemos orientações bem específicas sobre a caracterização dos Majin.
Yashima: Ele sempre dizia: “Os Majin são Majin, eles não são a mesma coisa que os humanos.”
Komaki: As emoções dos Majin não são do tipo que vão se acumulando aos poucos enquanto oscilam; elas mudam de forma bem seca e imediata conforme a situação do momento. Focar sempre no sentimento daquele instante é algo muito característico do Toriyama-sensei, na minha opinião. Por exemplo, Arinsu, que no começo estava em posição de antagonismo contra Goku (Mini) e os outros, depois de lutarem juntos não guarda rancor pelo que aconteceu antes e simplesmente passa a ficar naturalmente ao lado deles. Acho que isso expressa muito bem o jeito “Majin” de ser.

Criando o design do Grande Reino dos Demônios.
Como foi desenvolvido o design do Grande Reino dos Demônios, que serve como cenário da aventura?

Yashima: Para o Terceiro e o Segundo Reino, expandimos as ideias com base nas ilustrações feitas por Toriyama-sensei. Por exemplo, o Terceiro Reino dos Demônios transmite uma atmosfera um pouco áspera, quase empoeirada, enquanto o Segundo Reino dos Demônio tem uma imagem mais mística e repleta de elementos naturais. Para diferenciar claramente os três mundos demoníacos, decidimos que o Primeiro Reino dos Demônio teria um clima distinto dos outros dois, adotando um visual de cidade futurista. Além disso, Nakatsuru-san também criou vários image boards³ com base nas indicações de Toriyama-sensei, e, utilizando esses materiais como referência, fomos consolidando a estética geral do Grande Reino dos Demônios.
Komaki: Toriyama-sensei dedicou bastante esforço até mesmo ao design de personagens que nem sequer têm nome, e sinto que isso trouxe muito realismo ao cotidiano do Grande Reino dos Demônios. Personagens como a tia do drive-in no Terceiro Reino ou os figurantes do Primeiro Reino têm uma personalidade e até um certo drama próprios. Através das ações deles, consegui sentir que existe uma vida cotidiana mesmo dentro do Grande Reino dos Demônios.

Um image board de Katsuyoshi Nakatsuru mostrando um avião sobrevoando o Terceiro Reino dos Demônios.
Um image board criado por Katsutoshi Nakatsuru, retratando um ataque dos Trolls.

Um image board criado por Katsuyoshi Nakatsuru, retratando várias cenas do Mundo dos Demônios que também aparecem na história principal.

Houve algum ponto particularmente difícil ao definir o design do Grande Reino dos Demônios?

Yashima: Houve muitas trocas e revisões quando estávamos definindo o design do tanque, e isso acabou sendo um processo bem difícil. No final, o Toriyama-sensei refinou os desenhos produzidos pela equipe, resultando no formato atual. O designer responsável ficou emocionado por ter seu trabalho ajustado diretamente pelo próprio Toriyama-sensei, a quem ele tanto admira.

Uma ilustração de um tanque desenhada por Toriyama-sensei. É um design que realmente transmite o estilo característico dele.

Os personagens e ações únicas de Dragon Ball Daima.
Quais foram os aspectos nos quais vocês mais se dedicaram, em termos de aparência e ação, ao criar os personagens desta obra?

Komaki: Acho que nos esforçamos bastante para encontrar o equilíbrio certo de fazer Panzy parecer fofa, sem dar a ela uma impressão feminina. Isso se aplica tanto às roupas e acessórios que ela usa quanto à forma como movimentamos o personagem; várias ideias foram testadas, e conseguimos construir um personagem bem detalhado para Panzy.
Além disso, começando com Goku (Mini), prestamos muita atenção à ideia de que “o corpo é pequeno, mas o interior é de um adulto”. Por serem adultos por dentro, eles tentam se mover normalmente, mas, como o corpo é pequeno, não conseguem se firmar e acabam sendo arremessados. Para as cenas de ação com corpos pequenos, nos concentramos em expressar movimentos que usam o corpo inteiro para controlar cada ação.

A transformação em Super Saiyajin 4 teve uma grande repercussão, mas houve algum ponto específico que vocês consideraram em termos de direção e produção?

Komaki: Quando o Goku (Mini) se transforma em Super Saiyajin 4 no episódio 18, seus poderes são extraídos por Neba. Por isso, em vez de dar a impressão de que ele está “dando tudo de si”, focamos em mostrar que os poderes de Neba entram no Goku (Mini) e florescem dentro dele. Essa é uma abordagem diferente de se transformar em Super Saiyajin 4 após retornar à sua forma original e, então, concentrar toda a energia.
Além disso, como o Super Saiyajin 4 é associado à cor “vermelha”, quisemos incluir elementos vermelhos no Kamehameha, que normalmente é azul. Consultamos a equipe de composição e os animadores corte por corte para decidir como fazer isso de forma eficaz. Como resultado, acredito que conseguimos criar uma expressão clássica, mas com originalidade exclusiva deste trabalho.
No Kamehameha do Goku (Mini) em sua forma Super Saiyajin 4, também aceitamos o desafio de envolvê-lo em chamas. Espero que todos prestem atenção às diferenças no Kamehameha de cada forma.

No episódio 20, “Máximo”: Na cena em que Goku Super Saiyajin 4 desfere um Kamehameha contra o Giant Gomah. Pode-se notar o efeito vermelho, que não era visto no Super Saiyajin 3 ou em transformações anteriores.

Ouvi dizer que o próprio diretor Yashima desenhou o Ekonte da cena logo após Goku retornar à sua forma original e se transformar em Super Saiyajin 4.

Yashima: Para aquela cena, recebi um conselho do produtor Iyoku, dizendo: “Quero que você mostre o quão impressionante e poderoso Goku ficou como Super Saiyajin 4”. Como seus braços têm um design marcante, pensei que ficaria legal se ele estendesse o punho firmemente à frente. Para que ele pudesse assumir aquela pose, fiz Goku escalar uma rocha.

No clímax, a intensidade das cenas de batalha sempre gerou discussões.

Yashima: Para destacar as cenas de batalha, até o episódio 16 nos preocupamos em aplicar efeitos visuais de forma cuidadosa. A partir do episódio 17, no entanto, usamos muitos efeitos chamativos para tornar as lutas ainda mais emocionantes. Acho que a coexistência das partes de aventura retratadas com cuidado e das partes de batalha extravagantes é um dos pontos fortes de Dragon Ball Daima.
Komaki: Tive bastante dificuldade com o Ekonte da batalha final. Nos episódios 18 e 20, fiz inúmeras revisões até ficar satisfeita com o resultado. A parte final é especialmente repleta de cenas de luta, então eu estava sempre pensando em como mostrar variações nos combates, como criar altos e baixos na narrativa e qual lado deveria parecer estar em vantagem.
A ideia que me deu um ponto de virada foi a cena em que Goku, que deveria estar em apuros depois de ser pressionado por Gomah, sorri. Gomah pode se recuperar infinitamente, então quanto mais a luta continua, mais em desvantagem Goku fica. Mas Goku, que aparentemente deveria estar em desvantagem, sorri… Essa expressão abala Gomah, e o corte em que ele sofre a virada psicológica criou o fluxo para o clímax.

No episódio 20, “Máximo”: Nem mesmo o Giant Gomah conseguiu esconder sua perturbação diante do sorriso de Goku, que parecia estar se divertindo mesmo em apuros.

Já falamos bastante sobre o Goku até agora, mas quem é o seu personagem favorito?

Yashima: O King Gomah, Degesu e Arinsu eram muito divertidos. No início do primeiro episódio, Gomah e Degesu parecem estar tramando algo maligno, o que os torna legais, mas quando Arinsu aparece, a situação fica de repente bem cômica. Esse tipo de contraste também é ótimo, não acha?
Komaki: Os personagens que o Toriyama-sensei desenha têm silhuetas extremamente únicas. A maneira como os três se alinham é realmente cativante.
Yashima: A cena em que Arinsu aparece pela segunda vez não estava originalmente no roteiro, mas eu a adicionei no Ekonte. Sinto que, através das interações ali, consegui transmitir bem a personalidade dos três personagens.

Há outras cenas de Dragon Ball Daima que tenha gostado?

Komaki: Eu gosto da reação entediada do Vegeta (Mini) e do Mini Piccolo (Mini) quando Hybis diz: “Eu não vou lutar”, e da expressão do King Gomah quando a Forças Especiais da Polícia Militar aparece, com aquele olhar de “Que diabos esses caras estão falando?”. Nessas cenas, espero que vocês também percebam as sutis expressões dos personagens secundários.
Yashima: Mesmo pensando desde o primeiro episódio, há muitas cenas marcantes. No episódio 6, a aparição do Minotauro e a primeira transformação do Goku (Mini) em Super Saiyajin são realmente memoráveis. A luta com o Tamagami Número Três no episódio 8 também… Assistindo enquanto lembro do esforço e do trabalho árduo que colocamos na produção, percebo que é uma cena realmente incrível. O Kraken que surge no Segundo Reino dos Demônios também é ótimo. Não pode perder nenhuma dessas cenas. (risos)

Para finalizar, poderia mandar uma mensagem para todos os grandes fãs que compraram a edição de luxo em Blu-ray desta obra?

Komaki: Em Dragon Ball, cada personagem vive intensamente e de maneira positiva, dando o seu melhor a cada momento. Assistir a isso realmente nos anima. As cenas de ação são empolgantes, e quando você está um pouco desanimado, ver o anime levanta o astral. Não há nada que me deixe mais feliz do que saber que todos possam ter uma cópia desse anime em mãos e, sempre que precisarem, assisti-la para se sentirem mais leves e revigorados.
Yashima: Mesmo em Dragon Ball Daima, Goku permanece sempre otimista. Mesmo em sua forma pequena, ele se diverte em suas aventuras e encara os desafios com Tamagami cheio de empolgação, mesmo quando todos avisam que é perigoso. Espero que, ao ver Goku e seus amigos superando obstáculos com alegria e sem desistir, vocês sintam energia e coragem para enfrentar o amanhã com uma atitude positiva. Não há nada que me deixe mais feliz do que saber que vocês podem assistir e se divertir quantas vezes quiserem. Que todos que adquiriram o anime tenham um amanhã repleto de felicidade!

Compositora/Roteirista da Série

Entrevista com Yuko Kakihara

Yuko Kakihara foi a responsável por estruturar a série de anime de 20 episódios, baseada na história de Akira Toriyama.
Perguntamos a ela sobre os aspectos que considerou mais importantes ao escrever o roteiro, suas cenas favoritas e outros detalhes.

Escrever personagens é divertido.
Poderia nos contar sobre sua experiência pessoal e seu envolvimento com a série Dragon Ball?

Esta é a minha primeira vez participando como membro da equipe. Minha primeira lembrança com Dragon Ball é de quando um amigo me emprestou todos os volumes do mangá durante o ensino fundamental, e eu li tudo de uma vez só. Eu gostava de mangás Shoujo, então nunca tinha lido Dragon Ball, que é mais voltado para batalhas, mas assim que comecei, os personagens me cativaram, e fiquei imediatamente presa à história. Na época, também gostava de desenhar, então tenho ótimas lembranças de ter feito ilustrações do Goku a pedido de um amigo.

Qual é o seu personagem favorito de Dragon Ball?

Sempre adorei a Bulma, então, quando escrevi suas falas pela primeira vez, meu coração se encheu de emoção. Sinto-me realmente feliz por poder trabalhar em uma obra que amo e acompanho desde criança.

Poderia nos contar sinceramente como se sentiu quando foi escolhida para assumir a composição e o roteiro desta obra?

No início, ainda não estava decidido se Toriyama-sensei escreveria a história em detalhes, então eu estava um pouco insegura sobre minha própria capacidade. Conforme foi ficando definido que a série teria Dragon Ball GT como base e que seria mais focada em aventura do que em batalhas intensas, comecei a sentir que talvez eu conseguisse escrever os personagens de uma forma divertida.

O que considerei mais importante foi preservar a sensibilidade e o senso único de Toriyama-sensei.
Durante a produção, que tipo de interações você teve com Toriyama-sensei e com o produtor executivo Akio Iyoku?

Não houve nenhum pedido específico, mas entre a equipe havia um sentimento natural de sempre valorizar a “essência de Dragon Ball” e a “sensibilidade e o senso únicos do sensei”. Como 20 episódios é um pouco curto para uma série de TV, houve discussões sobre acrescentar mais desenvolvimento, mas a decisão final foi adaptar a história escrita por Toriyama-sensei da forma mais fiel possível para a tela.

De que forma você procurou expressar o estilo de Toriyama-sensei e o universo de Dragon Ball no roteiro?

Assim como Toriyama-sensei escreveu, eu queria valorizar o ritmo, a leveza e os personagens calorosos da história. Mesmo os vilões têm um certo charme e não são totalmente odiáveis, e chegam a fazer piadas inesperadas. Ao mesmo tempo, as batalhas impressionantes de Goku e seus amigos também são bem retratadas, então tomei cuidado para não perder esse equilíbrio.

Cenas ou falas favoritas.
O que mais te surpreendeu ao ler a história de Toriyama-sensei?

Fiquei surpresa por não haver mais cenas de batalha do que o necessário. Como gosto da atmosfera dos primeiros tempos de Dragon Ball, senti que esta obra se aproximava bastante dela, e isso me deixou muito contente. Também me surpreendeu que um tipo de inseto medicinal chamado “Inseto Adesivo” aparecesse, mas não fosse utilizado. Normalmente, quando um item é apresentado, queremos criar uma cena em que ele seja usado, mas senti a clareza e a decisão firme de Toriyama-sensei nessa escolha.

No episódio 4, “Tagarela”: Aparece o Inseto Adesivo, um inseto que permite que humanos que o consomem se unam em um só, como em uma fusão.

Qual foi a cena mais divertida de se escrever no roteiro?

A cena em que eles encontram o Terceiro Olho no Drive-in me parecia divertida desde que li a história do sensei, então escrevê-la também foi prazerosa. Além disso, um pequeno detalhe: me diverti pensando na cena em que o Nyoibou de Goku (Mini) é usado como varal na Casa do Kame.

No episódio 2, “Glorio”: o Nyoibou é usado como varal, lembrando a cena do início da aventura de Dragon Ball, em que Bansho servia como suporte para panelas.

Qual fala desta obra mais te marcou?

É uma fala do Tamagami Número Um: “A batalha final será de cálculo mental”. Quando li a história de Toriyama-sensei, fiquei surpresa. Foi inesperada e memorável. Além disso, depois que Kuu se torna o Grande Rei Demônio, Neba diz: “Q-Que diabos é esse cara…? Talvez ele seja mais capaz do que imaginávamos…” É uma expressão cheia de carinho, que eu acho muito característica de Dragon Ball Daima.

No episódio 12, “A Verdadeira Força”: O Majin Duu, que venceu a batalha, foi desafiado com um problema de cálculo mental relâmpago, lançado com uma velocidade impressionante e um número enorme de dígitos.
No episódio 20, “Máximo”: o King Kuu demonstra uma habilidade tão notável e clara que até mesmo Neba, o sábio do Grande Reino dos Demônios, fica impressionado.

Por favor, deixe uma mensagem para todos os grandes fãs que adquiriram a edição de luxo em Blu-ray desta obra!

Acredito que Dragon Ball Daima está cheio de muitas das coisas afetuosas que Toriyama-sensei valoriza. Creio que a série Dragon Ball continuará se expandindo e sendo amada por pessoas ao redor do mundo, e ficaria muito feliz se Dragon Ball Daima se tornasse uma dessas obras que permanecem para sempre no coração de todos.

Glossário

  1. O Grande Reino dos Demônios é chamado de Dai Makai (大魔界). O caractere Kai (界) pode ser interpretado tanto como “Reino” quanto “Mundo”. Por conta disso, surge a ideia de um planeta baseado na concepção de “Mundo Demoníaco”, na qual Akio mencionou. A tradução oficial para nós do termo “Dai Makai” optou por utilizar “Grande Reino dos Demônios”.
  2. Ekonte (絵コンテ): Storyboard;
  3. Image Board (イメージボード): Ilustrações conceituais.

Agradecimento especial ao @grifin_station (X, antigo Twitter) por ter escaneado o livro e disponibilizado gratuitamente.

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