Steel Seed – Análise

Steel Seed – Análise

Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Desenvolvido por: Storm in a Teacup | Publicado por: ESDigital Games

Steel Seed é uma aventura de ação furtiva em terceira pessoa ambientada em um mundo pós-cataclísmico no qual a humanidade sobrevive em instalações subterrâneas controladas por máquinas. Desenvolvido pelo estúdio italiano Storm in a Teacup, com integrantes da série Hitman e roteiro coassinado por Martin Korda (Fable, The Movies), o jogo oferece uma narrativa emocional e mecânicas híbridas que surpreendem pelo refinamento — especialmente para um título de médio orçamento.

A protagonista Zoe, uma figura parcialmente cibernética, desperta sem memória em um mundo hostil e opressivo. Guiada por Koby, um pequeno drone com grande importância narrativa e mecânica, ela parte em uma missão para restaurar a consciência de seu pai e, com isso, talvez salvar o que resta da humanidade.

Apesar de partir de premissas familiares, Steel Seed consegue escapar dos clichês ao construir uma jornada de autoconhecimento e confiança. A interação com Koby — ainda que limitada a sinais sonoros e visuais — é carregada de emoção e funciona como eixo emocional da trama. A história é entrelaçada com a progressão do gameplay, fazendo com que cada nova habilidade desbloqueada ou ambiente explorado aprofunde a compreensão do universo do jogo.

Steel Seed aposta em uma estrutura híbrida de stealth, combate corpo a corpo e exploração com parkour. O destaque, sem dúvida, está na furtividade: inspirada nos princípios da franquia Hitman, a IA dos inimigos é previsível, mas inteligente o bastante para punir erros sem parecer injusta. Usar Koby para marcar patrulhas, distrair robôs ou escanear rotas e pontos de fuga transforma cada cenário em um pequeno quebra-cabeça tático.

Há também uma árvore de habilidades com cerca de 40 melhorias, desbloqueadas por meio de objetivos de gameplay (como destruir pontos fracos ou concluir emboscadas com perfeição). Habilidades como criar “grama holográfica” para camuflagem, hackear inimigos e usar Koby como torre de ataque adicionam variedade à abordagem.

O combate direto, por outro lado, é funcional, mas limitado. Equipado com uma única espada de energia e sem opções de bloqueio ou parry, Zoe depende de esquivas perfeitas para sobreviver. Há ataques leves e fortes, mas a ausência de combos integrados e pouca variedade de inimigos — majoritariamente robôs genéricos — tornam essas batalhas menos memoráveis. Ainda assim, a responsividade dos controles, os lock-ons precisos e a fluidez dos movimentos evitam frustrações.

A movimentação de Zoe é ágil, com saltos duplos, escorregões e corridas pelas paredes que fazem do jogo um 3D platformer competente. Os ambientes subterrâneos, repletos de plataformas estreitas, abismos e estruturas verticais, valorizam essas habilidades com um level design coeso e recompensador. Elementos como torres escaláveis, painéis de parede e zonas de risco tornam a travessia dinâmica — o que surpreende em um jogo inicialmente vendido como stealth.

Quanto ao Koby, ele não é apenas um mascote simpático: é uma ferramenta central tanto para combate quanto para navegação. Ele escaneia o cenário, marca inimigos, hackeia sistemas, ativa alavancas e até distrai ou ataca alvos. Conforme o jogo avança, ele desbloqueia novas funções e reforça o vínculo emocional com Zoe, mesmo sem fala. O design narrativo e mecânico de Koby é uma das decisões mais acertadas do jogo.

A direção de arte é um dos grandes trunfos de Steel Seed. Ambientes industriais detalhados, biomas artificiais e estruturas colossais criam uma sensação constante de escala e decadência. A iluminação contribui diretamente para o clima de isolamento, e a trilha sonora atmosférica complementa bem a experiência — sem se sobrepor à imersão.

Cabe lembrar que a versão pré-lançamento apresentou problemas técnicos significativos: flickers visuais, bugs em animações de morte, falhas em QTEs, e limitações no suporte ao controle DualSense (vibrações contínuas, ícones errados). Em monitores ultrawide (21:9), a imagem pode ser esticada, e quedas de RAM foram observadas em áreas como o Biological Node. A ausência de uma opção para desativar o upscaling também compromete o desempenho em algumas máquinas. A desenvolvedora, contudo, trouxe soluções a partir do patch do Dia 1.

Steel Seed não reinventa o gênero, mas encontra sua própria voz ao combinar stealth sólido, ambientação cativante e level design inteligente com uma narrativa emocional conduzida por uma dupla carismática. As limitações de combate e variedade de inimigos são perceptíveis, mas não comprometem a experiência como um todo. Em um cenário saturado de distopias genéricas, Steel Seed se destaca por mérito próprio — e merece ser jogado por quem busca mais do que apenas mais um jogo com robôs.

Nota: 8.5 / 10

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