Dragon Ball Daizenshuu 2: Guia da História – Introdução e Super Entrevista com Akira Toriyama

Dragon Ball Daizenshuu 2: Guia da História (04 de agosto de 1995)

Introdução + Super Entrevista com Akira Toriyama

INTRODUÇÃO POR AKIRA TORIYAMA:

Parece que o segundo dos trabalhos completos é uma “edição da história”. Para mim, que desenhou o mangá no improviso, chamá-lo de “história” é simplesmente constrangedor. Mesmo assim, acho que o trabalho de pensar a história foi um pouco mais divertido do que quando eu estava fazendo os desenhos. Ah, mas pra ser sincero, a segunda metade da história foi difícil porque eu exagerei um pouco ao pensar nela. Embora eu tenha feito um bom trabalho continuando-a assim… eu acho.

— Akira Toriyama

SUPER ENTREVISTA COM AKIRA TORIYAMA:

2ª Rodada – A História Imprevisível

Por que a história de Dragon Ball começou? Como foi feita essa história fantástica? As respostas de Akira Toriyama estão aqui. Você saberá tudo sobre o nascimento e desenvolvimento de Dragon Ball…

Como este volume é um guia da história, pensei em perguntar sobre coisas relacionadas à história de Dragon Ball. Primeiramente, por que você começou a história de Dragon Ball?

Eu tinha acabado de terminar “Dr. Slump”, e por enquanto estava pensando no que deveria fazer no meu próximo trabalho serializado. Tive muitas reuniões com meu editor na época, Torishima-san. Acontece que naquela época eu adorava os filmes de Jackie Chan e já tinha visto “Drunken Master” dezenas de vezes. Já que eu gostava desse tipo de coisa, Torishima-san me aconselhou a tentar fazer um mangá shōnen de kung-fu, então desenhei um one-shot chamado “Dragon Boy”. Como obteve uma resposta incrivelmente positiva dos leitores, decidi seguir esse caminho em meu próximo trabalho serializado.

Então a partir daí você começou a pensar seriamente em seu novo trabalho serializado?

Já que “Dr. Slump” tinha uma ambientação ocidental, resolvi mudar essa impressão e fazer com que meu novo trabalho tivesse um cenário chinês. E se eu fosse dar um toque chinês, pensei em fazer a história baseada em “Jornada ao Oeste”. Afinal “Jornada ao Oeste” é absurdo e tem elementos de aventura, então acho que decidi fazer uma “Jornada ao Oeste” um pouco modernizada. Achei que seria fácil se aquela história servisse de base, pois bastaria rearranjar as coisas. (risos)

Parece que inicialmente você faria com que Goku fosse um macaco de verdade. (ver pág. 90)

Sim, para que fosse completamente como “Jornada ao Oeste”. Isso não era muito inovador, então decidi que o protagonista seria um humano e fiz dele um garoto comum. Mas eu queria que ele tivesse algum tipo de característica distintiva.

O protagonista de “Dragon Boy” tinha asas, então eu queria uma característica distintiva nesse sentido, onde você pudesse dizer quem ele era só de olhar. Então dei um rabo ao Goku. Portanto, mesmo que ele estivesse escondido atrás de uma pedra, se você pudesse ver seu rabo, saberia que era o Goku.

A partir daí adicionei as Esferas do Dragão, e se você reunisse todas as sete, seu desejo seria atendido. Achei que se os personagens fossem em busca delas, poderiam fazer uma jornada como em “Jornada ao Oeste”.

E assim, quando ainda estava no começo da serialização, antes do Torneio de Artes Marciais começar, a série tinha uma sensação considerável de “Jornada ao Oeste”.

Bulma era Tripitaka, Oolong era Zhu Bajie e Yamcha era Sha Wujing. Inicialmente pensei em encerrar depois que eles terminassem de reunir as Esferas do Dragão.

E então o Torneio de Artes Marciais começou. Mas por que você fez esse tipo de desenvolvimento?

Até o início do Torneio de Artes Marciais, a série não era tão popular. Foi isso que Torishima-san me disse. “Seu protagonista é bastante simples. É por isso que não é popular.”, disse ele. Pessoalmente, como estava fazendo uma história de luta para esta série, deixei intencionalmente as roupas do protagonista excessivamente simples. Então isso me irritou, mas depois eu descobri. “Bem, vamos aumentar sua popularidade”, pensei. Quando desenhei o personagem do Goku, as palavras que melhor o representavam eram: “Quero me tornar forte”. Então pensei em levar isso adiante. Mesmo durante “Dr. Slump”, eventos semelhantes a torneios, como o Penguin Village Gran Prix ou o Mini-Evento, foram incrivelmente populares. Então, simplesmente transformaria a história em formato de torneio. Disso, nasceu o Torneio de Artes Marciais. Retirei temporariamente os outros personagens além de Goku, trouxe de volta o Mestre Kame e adicionei Kuririn como um novo personagem. A partir daí, a obra tornou-se popular antes que eu percebesse.

           

Ainda assim, ao contrário dos protagonistas comuns, Goku certamente não ganhou o campeonato.

Sim. Demorou até sua terceira tentativa para ele finalmente vencer. Todos ao meu redor diziam: “Tenho certeza de que Goku vencerá no final”. Mesmo que eu quisesse que ele vencesse, como sou perverso, quando me disseram isso eu disse: “Como se eu fosse deixá-lo vencer!” (risos)

O Torneio de Artes Marciais foi o primeiro ponto de virada. E então o Exército Red Ribbon apareceu.

O Exército Red Ribbon era igual ao Torneio de Artes Marciais, só não estava em formato de torneio. Naquela época, havia um jogo para Famicom chamado “Spartan X” que eu jogava com frequência. Inimigos fortes vinham até você bem rápido e você os derrotava. Foi até baseado em um filme de kung-fu. Jogar isso me mostrou o caminho para um esquema diferente do torneio. Foi daí que veio a Torre Músculo.

Nota: “Spartan X” é o nome japonês de um filme do Jackie Chan, conhecido por aqui como “Detonando em Barcelona”. Foi adaptado para um jogo de arcade que também era conhecido como “Spartan X” no Japão, mas foi chamado de “Kung-Fu Master” no ocidente. Foi portado para vários consoles, incluindo o Nintendo Famicom. Os elementos do jogo que inspiraram a Torre Músculo foram, na verdade, retirados do filme “Jogo da Morte” de Bruce Lee, onde o personagem de Lee e quatro companheiros devem lutar para subir um pagode de cinco andares.

E então, finalmente o Piccolo Daimaoh apareceu.

Com todos os vilões até aquele momento, sempre havia algo agradável neles. Então o Piccolo Daimaoh nasceu da minha tentativa de criar um cara realmente mau. Esse período foi o mais interessante de desenhar.

A partir daí, os personagens inimigos começaram a aumentar rapidamente.

Tendo se tornado o mais forte da Terra, Goku e seus amigos também venceram os Saiyajins que vieram de fora da Terra, e depois foram para o universo. Eu criei Freeza na época da Bolha, e o especulador imobiliário era a pior pessoa de todas. Então eu fiz dele o especulador imobiliário número 1 do universo. Mas simplesmente escalar os inimigos foi complicado, então eu trouxe o Esquadrão Especial Ginyu. Meu filho adorava coisas de Super Sentai e eu sempre assistia com ele. Bem, eu trouxe aquilo para a obra. Era lançado pela Toei, a mesma do anime Dragon Ball Z. (risos)

Nota: A “Bolha” refere-se à bolha econômica do Japão, de 1986 a 1990, que foi um período de especulação financeira sem restrições. A maior parte das especulações eram sobre imóveis: a compra de terrenos na esperança de vendê-los por um bom preço. Enquanto por algum tempo os preços dos imóveis dispararam, em 1990 a bolha estourou e o Japão entrou em um período de depressão econômica. O negócio de Freeza, de atacar planetas para vendê-los por um bom preço, é semelhante às práticas de um especulador imobiliário. Freeza estreou em Dragon Ball entre o final de 1989 e o início de 1990, no final da Bolha.

   

Os próximos a aparecer foram os Androides e Cell.

Como eles se tornaram os mais fortes do universo, a próxima etapa seria superar o tempo. Então, com isso em mente, fiz coisas de viagem no tempo, mas foi muito difícil. Paradoxo temporal, não é? Eu rapidamente fiquei atolado.

Basicamente, só pensei no que estava fazendo naquela semana. Mesmo eu não sabia o que iria acontecer na próxima semana. Eu desenhava a história assim, mas sempre discutiria com meu editor para ver o que deveria fazer na próxima semana. (risos)

E então a saga Cell terminou. Você achou que todos sentiram que você colocaria Gohan no papel principal?

Eu pretendia colocar Gohan no papel principal. Não deu certo. Eu senti que, comparado a Goku, ele não era adequado para o papel.

A propósito, quem é seu personagem favorito?

No fim das contas, acho que gosto mais do Piccolo. De todos os inimigos, Piccolo Daimaoh é o que eu mais gosto, e mesmo depois dele eu gosto mais do Piccolo. Gosto do Piccolo tanto quanto gosto do Goku. Com Vegeta, bem, eu não gosto muito dele, mas foi extremamente útil tê-lo por perto. Em relação a coisas recentes, foi divertido desenhar o Mr. Satan. Quando o trouxe pela primeira vez, não pensei que acabaria tornando-o num personagem tão importante. Achei que ele seria apenas um personagem de um capítulo.

Mr. Satan é desse tipo, mas inventar piadas inúteis é mais divertido do que fazer cenas de luta. (risos)

Tudo isso realmente decolou com Gotenks. Existem lendas de que o seu editor, Takeda-san, rachava de rir todas as semanas quando via os storyboards no departamento editorial. (risos)

Acho que sou um artista de mangá de comédia, afinal. (risos)

Mas, no fim das contas, estou sempre pensando em como têm muitos caras do nosso lado, mas apenas um inimigo. Se pensar bem, não é injusto? (risos) Podem simplesmente se juntar contra ele. (risos)

Então é como a fala do Goku no final da batalha com Majin Boo.

Isso mesmo. Ele disse: “Você se saiu bem sozinho”. Acredito que o motivo de Goku era que, não importava que tipo de inimigo houvesse, ele queria enfrentá-los no um contra um.

Analisando toda a obra, Goku sempre desejou isso. A conversa de hoje foi muito valiosa, então muito obrigado.

(23 de maio de 1995, no Restaurante Chinês Rōgairō)

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