Japan EXPO 2025 em Paris (03 a 06 de julho de 2025)
Este evento de cultura japonesa, que ocorreu dos dias 3 a 6 de julho de 2025, no Centro de Exposições Paris-Nord Villepinte, contou com painéis relacionados à franquia Dragon Ball apresentados por Kazuhiko Torishima (primeiro editor de Akira Toriyama), Katsuyoshi Nakatsuru (animador veterano de Dragon Ball) e Toyotaro (autor do mangá Dragon Ball Super).
Segue abaixo a tradução de cada painel e entrevista!
03 de julho de 2025
PAINEL “COMO DESENHAR SEU HERÓI FAVORITO”
Obs: Esta tradução só foi possível graças a thread da @vondbz2, que foi tweetando e traduzindo o desenrolar do painel ao vivo, só assim sendo possível saber em detalhes sobre como foi essa apresentação.
• Brigitte Lecordier (voz francesa do Goku criança e outros personagens) foi uma das convidadas surpresa.
• O objetivo deste painel era ensinar todos a aprenderem a desenhar, então eles começaram com um personagem mega famoso no Japão, o Doraemon, que possui até uma música sobre como desenhá-lo, já que é um mascote bastante infantil e simples de desenhar.
• Toyotaro e Nakatsuru não prestaram muita atenção na música, então o Toyo fez muito rápido e Nakatsuru muito devagar. O de Torishima, que não é um desenhista profissional, mas estava ali se esforçando, ficou meio deformado.
• Depois disso, decidiram ir para personagens de DB, começando com o Kuririn, que dizem ser o mais fácil. Torishima surpreendeu e fez um bom trabalho, mas ele ficou insatisfeito, pois disse que a versão de teste ficou melhor e desafiou os outros a fazerem melhor do que ele.
• Quando perguntado sobre qual é o truque para desenhar Kuririn, Nakatsuru disse: “As características mais simples são, na verdade, as mais difíceis!”
• Nakatsuru diz que você pode dar a ele uma expressão infantil por não ter nariz, e você tem que construir sua imagem em torno disso. Nakatsuru desenha com lápis e depois com tinta. Torishima diz que um homem de verdade faria direto na tinta.
• Toyotaro desenhou super rápido e ficou perfeito. Em contraste, Nakatsuru desenha “com muita prudência” ao que Torishima diz: “Aaargh, você é LENTO!” Toyotaro é rápido, pois: “você tem que treinar para desenhar rápido durante as sessões de autógrafos quando se é um mangaká”.
• O formato da boca é o que marca o estilo de Toriyama. A boca do Kuririn de Toyotaro está fechada, mas a de Nakatsuru está aberta e sorrindo. Toyotaro diz que o personagem que ele mais desenha é (obviamente) o Goku adulto.
• Torishima usa o volume 3 de DB como referência para desenhar o Goku criança. A referência para o Goku adulto é a capa do volume do Anime Comics do Z.
• Brigitte pergunta se eles semprem começam pelos olhos. Nakatsuru diz (enquanto Torishima desenha) que Toriyama começava principalmente com os olhos, mesmo que seja mais difícil assim (pelo menos para ele).
• Toyotaro é convidado a julgar o Goku criança de Torishima. Ele diz: “Ok, vou pagar o jantar”. Nakatsuru diz: “De alguma forma, é surpreendentemente bom”. Torishima diz: “Eu pratiquei bastante.”
• Torishima: “Depois de aprender o formato geral do rosto, você conseguirá desenhar todos os personagens. Mas se você colocar os olhos muito altos, fica errado. Os olhos ficam sempre na metade inferior do rosto.” Nakatsuru confirma com um: “Acho que você está certo…”
• Toyotaro também confirma: a posição dos olhos é super importante para distinguir os personagens. Independentemente de ser Super Saiyajin ou não, os olhos são fundamentais. É hora de Brigitte fazer o mesmo e começar pelos olhos “como Toriyama-sensei”.
• Nakatsuru faz um esboço rápido antes de começar a pintar um Goku criança moderno perfeitamente. Já o Toyotaro, o desenha de frente!
• Toyotaro acha que acabou desenhando Goten e não Goku, pois não desenha o Goku criança com frequência, então ele tentou consertar isso. Toyotaro também disse que ficou feliz em ver Nakatsuru desenhar o Goku criança do Clássico (ele disse que pensou em desenhar uma versão GT)
• Hora do Goku adulto! Como ele tem partes tão importantes, é difícil fazer tudo funcionar. A dica é que o rosto tem o formato de “estádio de beisebol”.
• Todos dizem que a arte de Nakatsuru é perfeita e insistem que ele deveria ter desenhado DB sozinho.
• Com o Goku Super Saiyajin, você não pode esconder erros pintando tudo de preto. Mas como ele não tem aquela cara de mochi, na verdade é mais fácil. Torishima insiste que deveriam ser mais rápidos, já que é mais fácil. A pressão perfeita que se esperaria do Dr. Mashirito!
• Toyotaro leva cerca de 45 segundos para fazer o seu. Brigitte também fez uma boa tentativa! Ela diz que o formato de estádio de beisebol realmente ajudou. Ela pede para aprender a fazer os olhos.
• Nakatsuru comenta: “Toyotaro realmente cuidou do espaço e da composição da página para usá-la da melhor forma, enquanto eu simplesmente fui com qualquer coisa.” Toyotaro diz: “É incrível ver como o estilo de Nakatsuru-san continua evoluindo com o tempo!”
• Toyotaro aconselha sobre como podemos desenhá-lo tão bem quanto eles: “O truque com os olhos de Son Goku é: faça formas em D invertido, mas não desenhe tudo, pois a linha inferior não existe.
• Nakatsuru: “Continue desenhando as formas para que seu pulso se lembre delas, mas talvez isso não seja uma boa ideia…” Torishima: “Isso é realmente ruim!” Brigitte pergunta a diferença entre Goku e Goten, já que ela dublou os dois quando crianças.
• Nakatsuru: “Acho que quando os desenhamos, a personalidade realmente brilha através dos olhos e do formato da boca. Goten é mais infantil, o tamanho e o formato de seus corpos não são os mesmos, e Toriyama-sensei realmente tentou diferenciá-los.”
• Torishima: “Como puderam ver, ler mangá é fácil; desenhar não! O truque é que, se continuar desenhando os mesmos personagens, você acaba conseguindo. É questão de prática. Com 2 semanas de treinamento, você pode chegar ao meu nível.” (risos)
Fim da conferência!
Foram cerca de 80 minutos, em vez dos 60 planejados.
04 de julho de 2025
PAINEL “NOS PASSOS DE NAKATSURU”
Obs: Novamente, esta tradução só foi possível graças a thread da @vondbz2 que foi tweetando e traduzindo o desenrolar do painel ao vivo.
• @NazChris_dj está apresentando e conduzindo!
• Hoje veremos o método de trabalho de Nakatsuru, o único animador cuja arte foi reconhecida por Toriyama. Ela os recebe no palco e apresenta o tradutor (Sr. Nicolas).
• Torishima é obrigado a apresentar Nakatsuru! Como Naz disse, ele é o único animador reconhecido por Toriyama. Muitas vezes, Toriyama via os desenhos de Nakatsuru e se surpreendia: “Eu não desenhei isso!” Ele ia frequentemente à casa de Toriyama para aprimorar seu estilo.
• “Trabalhei 13 anos com Toriyama. Em algum momento, vi seu estilo enfraquecer um pouco. Mas, em certos momentos, as características de Nakatsuru eram superiores, pois ele conseguia mantê-lo por muito tempo.” O Dr. Mashirito acha que o talento de Nakatsuru é inegável!
• Naz: O que te atraiu nessa característica do Toriyama? Como você começou? Quando começou a desenhar? Nakatsuru: Quando eu estava no ensino fundamental, imitava o Leiji Matsumoto de Galaxy Express 999. Eu estava realmente interessado.
• Nakatsuru: “O traço do Matsumoto não é realista e tem silhuetas muito chamativas. É difícil copiar o estilo mangá dele, eu realmente gostava e adorava desenhá-lo, por isso entrei nessa profissão.”
• Torishima: “Eu conheci Nakatsuru provavelmente durante o Toei Douga (antes da Toei Animation), no começo de DB, provavelmente… há muito tempo. Morishita se tornou o diretor do anime DB na época (ele agora é o diretor da Toei Animation).
• Muitos animadores eram bons em reproduzir os traços de Toriyama, mas faltava algo a todos. Seus traços eram muito rígidos/duros. Pedi ao Morishita que me encontrasse uma pessoa melhor. Ele olhou para baixo e disse… tem um cara… mas o problema com esse cara é que… ele é tããão lento.
• Foi assim que Torishima soube de Nakatsuru! Nakatsuru: Nunca ouvi falar disso! Eu sabia que Torishima-san era o editor dele e responsável pelos mangás, mas nunca soube disso. Estou surpreso que ele também fosse responsável por essas coisas… (encontrar ilustradores)
• Torishima: “A ação não funcionava no início de DB, por isso eu estava procurando um produtor melhor. Então, pedi animadores que tivessem ótima ação. Eu vi Saint Seiya. O mangá é (mediano), mas a animação? (de primeira linha)”
• Torishima pediu à Toei para mudar de produtor: Morishita foi contratado e o roteirista de Saint Seiya, Takao Koyama, foi contratado. E já que isso aconteceu quando Goku passou de criança para adulto, decidimos que poderíamos muito bem mudar o nome. Não tínhamos ideias sobre o nome. Toriyama escolheu o “Z”. O Z foi porque não deveria haver mais nada depois.
• Morishita se tornou um grande produtor da Toei. Ele trabalhou em Transformers e GI Joe.
• O primeiro trabalho de Nakatsuru foi uma das animações estrangeiras de Morishita, de acordo com o boato. “Foi a primeira vez que realmente fiz animação intermediária.” Madura e Katsumada também estavam envolvidos como produtores. FUTURE WAR 198X.
• Nakatsuru disse que todos os envolvidos nisso estavam envolvidos em trabalhos anteriores que ele assistiu quando criança. “Eu finalmente pude conhecê-los naquela época.”
• Torishima: Por que você entrou na Toei? (por que na Toei em específico e não em outra?) Nakatsuru: Na época em que terminei o ensino médio, a Toei fez uma campanha de recrutamento. Foi um momento perfeito para mim. É verdade que entre o momento em que Miyazaki foi recrutado e Nakatsuru tentou, ninguém foi recrutado (nenhuma campanha de recrutamento foi feita). Já faziam 20 anos! Mas havia um exame de admissão.
• A prova: nos deram uma figura e precisávamos desenhá-la em diferentes poses e gestos. O que importa é a sua habilidade em mostrar movimento, não a qualidade do desenho em si. O que é testado é o quanto você entende o movimento humano. Naz: Temos que ir mais rápido, o tempo está se esgotando… já estamos na metade!
• Nakatsuru confirma que trabalhou em vários trabalhos como Space Yamato.
• Sua fonte de animação se base no estilo de Toriyama. Como você adquiriu essa característica? Nakatsuru: Você quer dizer DB? Não. Nakatsuru foi um animador intermediário para o filme Dr. Slump! Big Space Adventure. Torishima se lembra do filme porque é o único filme em que o Dr. Mashirito canta em karaokê.
• Sobre DB… quando você começou a trabalhar nele? O episódio 4 foi onde ele se tornou um ANIMADOR (fazendo genga) e não animação intermediária. A cena dele foi quando Oolong se torna um monstro gigante e queima os dedos na sopa.
• Detalhe sobre a cena: É a cena em que eles chegam na vila e batem nas portas. Goku arromba a porta e é atacado pelo machado. O corte dele é de quando o velho bate em Goku, e ele diz: “Não é o Oolong!”
• “Na época, eu estava realmente empolgado e motivado! Quantas lembranças”, diz Nakatsuru, após assistir à cena. Eles mencionam DQ em seguida (co-criado com Toriyama)
• Começou com DQ 5, com monstros, e então foi desenhando mais e mais para produtos e conforme foi avançando e ganhou mais responsabilidades. Toriyama e Nakatsuru não achavam que duraria tanto. Toriyama tinha um tempo limitado para desenhar muitos personagens… mas monstros!
• Então Nakatsuru teve que criar um monte de monstros sozinho porque Toriyama estava fazendo esses designs ao mesmo tempo que DB. Eles mostraram alguns deles. O polvo parece 100% Toriyama…
• Naz pensou que todos os designs eram de Toriyama, então ficou surpresa ao descobrir que não era o caso. O traço não é hesitante. Você desenhou isso de uma vez, sem esforço algum?
• Nakatsuru: “Quando comecei, me faltava muita técnica, era muito, muito difícil. Muitas delas foram rejeitadas. Mas fui paciente e redesenhei, redesenhei e pratiquei. Fui recrutado cada vez mais depois. Eu estava tendo muita dificuldade com o DQ 6, mas valeu a pena!
• Momento DIGIMON como outra franquia importante Nakatsuru também trabalhou em DIGIMON Adventure. Ele fez algumas animações, mas também fez o design dos personagens.
• Momento ONE PIECE. Trabalhei um pouco em designs, alguns storyboards (mise en scène, então não storyboards completos) e um pouco na animação. Criar para ONE PIECE é muito diferente.
• Nakatsuru queria mostrar uma cena especial para os parisienses: Superflat Monogram Film (2004) Louis Vuitton x Murakami.
• Houve um pedido para usar personagens de DIGIMON nesta campanha publicitária. Como queria manter o estilo DIGIMON, Nakatsuru conseguiu participar deste curta específico. Torishima: (sobre acompanhar a carreira de Nakatsuru) É incrível ver um garoto da área rural de Kyushuu se tornar tão importante para campanhas internacionais. É incrível!!
• Este filme em particular é muito puro. Nakatsuru está super agradecido. (Torishima realmente admira esse anúncio) A Louis Vuitton recusou? Tudo correu bem!
• Torishima: Ele faz um trabalho incrível, mas é lento. Ele faz o seu melhor até o último momento, por isso gasta tanto tempo. Afinal, essa é a reputação dele, e é verdade. Nakatsuru é muito humilde ao fazer uma retrospectiva de sua carreira na Europa!
• “Que tipo de trabalho eu posso fazer depois disso? As pessoas estão perguntando…”, diz Nakatsuru, um pouco nervoso. Também estou muito feliz por poder trabalhar em Daima, e se houver outros trabalhos baseados em Toriyama em andamento, adoraria trabalhar neles!
• Torishima: Quero que Nakatsuru se prepare para grandes coisas depois, enquanto observo seu estilo artístico. Nakatsuru: Farei o meu melhor para corresponder aos seus padrões.
Fim da conferência!
COLETIVA DE IMPRENSA SOBRE AS CARREIRAS DE TORISHIMA, NAKATSURU E TOYOTARO
No dia 04 de julho de 2025, rolou uma conferência de imprensa fechada com estes três gigantes do universo Dragon Ball: Toyotaro (autor de Dragon Ball Super), Kazuhiko Torishima (primeiro editor de Akira Toriyama) e Katsuyoshi Nakatsuru (designer de personagens, animador e diretor de animação em DB, Z, GT, Super e Daima).
Obs: Esta tradução foi feita com base no artigo em duas partes do site db-z.com
Pergunta para vocês três: qual é sua maior influência artística, seja em mangá ou em outro lugar?
Toyotaro: Como você pode imaginar, Dragon Ball teve uma grande influência em mim quando criança, mas se tirarmos Dragon Ball do contexto, também inclui todos os mangás que li quando criança, como Rurouni Kenshin, Slam Dunk e todos os mangás daquela época. Por outro lado, se um mangaká só lê mangás, não é o bastante. O mundo dos mangás é realmente muito restrito. Eu também era muito apaixonado por cinema e outras coisas. Eu era um grande fã de Star Wars quando pequeno e assistia a muitos filmes de Hollywood, como a trilogia De Volta para o Futuro.
Torishima: Antes de entrar para a Shueisha, eu nunca tinha lido mangás, então não tive nenhuma influência deles. Eu era muito apaixonado por romances e sempre amei a literatura francesa; li Stendhal inteiro. E até tirei três meses de folga da universidade para ler e estudar Proust, em particular: “Em Busca do Tempo Perdido”. Então, acho que há uma compatibilidade muito forte entre mim e a França. Também gosto muito de cinema.
Vou dar meu TOP 3:
1. O Poderoso Chefão (1972) de Francis Ford Coppola
2. Férias em Roma (1953) Minha mulher ideal é Audrey Hepburn com cabelo curto neste filme.
3. 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) Acho que é um trabalho fantástico que praticamente prevê o que está por vir com a IA.Nakatsuru: Assim como Toyotaro, fui muito influenciado por mangás e animes quando criança. A coleção de obras que mais me impactou na infância foram as de Leiji Matsumoto. Não uma em particular, mas todo o universo, que é interconectado. Como resultado, me interessei em se tornar um animador a partir das obras de Leiji Matsumoto, e foi assistindo a animações hoje consideradas clássicas, como ” O Castelo no Céu”, de Hayao Miyazaki, que me interessei pela profissão de animador. Na época, eu havia trabalhado em algumas obras de animação de Leiji Matsumoto, mas foi muito difícil me estabelecer como profissional permanecendo apenas no universo de Matsumoto, e foi quando me tornei animador sênior que conheci o trabalho de Toriyama-san, e artisticamente, ele foi, sem dúvida, quem mais me influenciou, e até hoje trabalho sob essa influência.
Em 1984, quando Dragon Ball foi lançado, o grupo de meninos de 5 a 15 anos no Japão representava 8,22% da população. E hoje, em 2024 (40 anos depois), esse número é superior a 4,2%. Portanto, o número de meninos diminuiu pela metade em 40 anos. Como os mangás shonen (para meninos) conseguirão se reinventar diante desse empobrecimento de leitores?
Torishima: É verdade que o problema demográfico preocupa toda a imprensa japonesa. Dito isso, sempre haverá crianças. Precisamos continuar incentivando essas crianças que nos apoiaram até agora. O problema é que a Shonen Jump e todas as revistas do ramo não produzem mais mangás infantis. E, por isso, acho que o futuro do mangá é sombrio. Há cada vez mais maneiras de ler mangás online, exceto que o acesso é limitado para crianças, já que elas não têm smartphones ou cartões de crédito.
Além disso, quando você lê mangás digitais, o algoritmo faz com que leia apenas o mesmo estilo de trabalho. E assim, chegamos a um nível em que todos os mangás têm o mesmo preço, a mesma direção artística, o mesmo gosto: temos apenas “mangás de Starbucks ou mangás de McDonald’s”. Os mangás japoneses perderam de vista a ideia de construir histórias com uma identidade artística individual. E eu acho que na Shueisha, se houver editores de revistas que veem os dados, mas não os levam em consideração, e que desobedecem às orientações dos editores, como eu no passado, então a situação é muito arriscada.
Tudo o que você acabou de dizer é sobre o mundo dos mangás em geral – incluindo adultos – ou apenas sobre mangás para crianças/adolescentes?
Torishima: O que estou dizendo diz respeito a mangás para todos os públicos, mas estou pensando particularmente em mangás voltados para crianças, porque atualmente há um problema real: crianças não leem mais mangás. Os editores do momento dizem que crianças não conseguem mais ler histórias divididas em quadros. E eu respondo: é só que a divisão do seu mangá não é boa e é difícil de ler. Por exemplo, o mangá de Toriyama tinha uma visibilidade clara. Se pegarmos One Piece, crianças do ensino fundamental devem ser capazes de lê-lo precisamente em relação a essa divisão de quadros.
Não é culpa dos mangakás, mas sim dos editores, que não têm uma técnica de mangá suficientemente forte em termos de legibilidade. Uma das causas é que as editoras recrutam pessoas que sempre leram apenas mangás. Se não recrutarmos pessoas com gostos mais diversos, como cinema e literatura, acabaremos com pessoas com as quais o mundo se tornará cada vez mais pequeno à medida que avançamos. Por exemplo: se só assistimos TV, só conhecemos zooms e close-ups. Mas se estamos interessados em cinema de verdade, podemos ter um monte de outras tomadas de câmera. Por exemplo, Osamu Tezuka era apaixonado por cinema e conhecia essas histórias com ângulos diversos, então frequentemente víamos seus personagens de cima. E por isso acho que os mangakás de hoje são piores tecnicamente do que Osamu Tezuka.
Para fundamentar seu ponto, Takehiko Inoue, no filme “Slam Dunk The First”, explicou a diferença que teve que fazer na direção entre cinema e mangá. Ele explicou que teve que reaprender o mangá e reorganizar os quadros. É disso que você está falando?
Torishima: Só posso dizer que fiquei entediado assistindo a este filme. Os melhores momentos não foram os melhores que ele desenhou. Ele tirou os personagens principais do mangá. Eu via este filme como um filme para fãs de Slam Dunk originalmente, mas ele não foi projetado para criar novos fãs da série, e isso realmente me frustrou.
Torishima-san, recentemente nos deparamos com os mangás Poe no Ichizoku e Kaze to Ki no Uta. O senhor disse que esses foram os primeiros mangás que lhe interessaram. Poderia nos contar o que achou interessante nesses títulos?
Torishima: Eu nunca tinha lido um mangá na vida, e quando entrei na Shueisha, me disseram para ler edições antigas da Shonen Jump. Li um monte deles, e todos eram horríveis. Meu chefe me pediu para dar uma nota de 1 a 10 para o mangá e comentar, e então pedi para ler a pesquisa semanal com os leitores, e foi um choque. A nota dos leitores foi o oposto da minha. Pensei muito em sair da empresa e procurar vagas de emprego.
Ao lado da Shueisha, havia um prédio de arquivos, e como eu estava entediado de ficar na redação, eu ia lá para tirar uma soneca. E percebi que, como era um local de arquivo, havia muitos mangás, então decidi ler tudo. O primeiro mangá que achei interessante foi um shoujo (mangá para meninas). Não sei se você sabe, mas havia um grupo chamado 24年組 (nijūyo-nen gumi; grupo do ano 24), e então tínhamos Keiko Takemiya e obras muito aprofundadas com temas que nunca foram encontrados em mangás na época, como o sentimento de amor entre meninos, etc.
Fiquei muito impressionado ao ver esses temas tão humanísticos. Foi há mais de 50 anos, e na época foi muito surpreendente. O problema é que na Shonen Jump havia mangás terrivelmente antiquados. Mas foi com essa experiência nos arquivos que aprendi que havia mangás interessantes e divertidos e, acima de tudo, que havia muitas maneiras de fazê-los. E foi enquanto procurava como fazer um mangá interessante que conheci Akira Toriyama. Foram esses autores que me deram as dicas de como fazer o mangá evoluir.
Nota: 24年組 (nijūyo-nen gumi; grupo do ano 24) refere-se a um dos dois grupos de artistas femininas de mangá que são consideradas revolucionárias do mangá shoujo. Seus trabalhos frequentemente abordam “questões radicais e filosóficas”, incluindo sexualidade e gênero, e muitos de seus trabalhos são agora considerados “clássicos”. Muitas das integrantes do primeiro grupo, o Grupo das Flores do Ano 24, nasceram no ano 24 da era Shōwa (1949).
Akira Toriyama é creditado como escritor de Dragon Ball Super, então sua morte mudou a maneira como você aborda o mangá? Se sim, como?
Toyotaro: Você deve saber que tínhamos dois modos de criação:
Na minha abordagem à história de Dragon Ball Super, eu escrevia o enredo e depois o enviava para Toriyama-sensei, que verificava se estava correto ou não. E, inversamente, houve momentos em que o sensei escreveu as histórias, depois as enviou para mim, eu verifiquei se poderia integrá-las, e então enviava de volta o que interpretei e, por fim, ele respondia com um OK ou não. Como vocês podem ver, boa parte da história já partiu de mim, então não acho impossível continuá-la, mas também não acho que seja algo simples e fácil.
Nakatsuru-san, você se tornou designer de personagens de Dragon Ball Z, sucedendo Minoru Maeda na saga Majin Boo. Esse desafio apresentou alguma dificuldade na época?
Nakatsuru: Minha primeira preocupação foi se eu corresponderia às expectativas. Mas, ei, antes de fazer a saga Boo, eu já havia criado alguns personagens convidados dos episódios, então eu já era uma espécie de assistente de Minoru Maeda e sabia da carga de trabalho. Só que não foi fácil assumir as responsabilidades dele. Foi complicado, mas havia um desafio que significava que, quando a oportunidade se apresentou, eu não podia recusar.
Torishima: Vale lembrar que Nakatsuru vem atuando no trabalho de Toriyama desde Dr. Slump. Ele era uma pessoa muito habilidosa, mas um animador é alguém que precisa pegar o desenho de outra pessoa e adaptá-lo ao seu estilo. E do meu ponto de vista como escritor, a taxa de reprodução do traço de Toriyama feita por Maeda foi de 80%. Era muito bom, mas faltava algo. Por outro lado, a taxa de reprodução de Nakatsuru é de 95%. Há cenas em que você pensa: “Toriyama-sensei desenhou isso?”. Aconteceu até de o próprio Akira Toriyama se deparar com os desenhos de Nakatsuru e dizer: “Mas eu nunca desenhei isso!”. Então, o único animador que Toriyama reconheceu foi o Nakatsuru.
Nakatsuru: Obrigado. Fico muito honrado com isso, mas é preciso dizer que, na época da saga Boo, tínhamos um exército de animadores veteranos no universo de Toriyama.
Torishima: O mangá Dragon Ball teve um impulso muito grande, e a equipe de animação era muito forte, já acostumada ao estilo de Toriyama, então, ao ler o mangá, eles conseguiram reproduzir tudo. Dá a impressão de que cada cena animada foi difícil de fazer, mas foi realmente graças ao enorme esforço da equipe liderada pelo Nakatsuru-san que obtivemos o resultado que conhecemos. Não estamos falando apenas de animação, mas também dos videogames da Bandai Namco: esses jogos são feitos por equipes que amam o trabalho de Akira Toriyama, e é esse amor que nos faz ter uma bela trindade com os jogos lançados.
Toyotaro-san, em relação a Dragon Ball Super, como você enxerga o Dragon Ball GT? Algum elemento do GT o inspira e faz você querer integrá-lo oficialmente?
Torishima: Eu não estava envolvido em Dragon Ball GT, então não posso dar minha opinião. O GT surgiu quando Dragon Ball terminou. Ainda havia muitas partes interessadas envolvidas em Dragon Ball, como canais de TV, a Bandai Namco e várias outras empresas parceiras, e tínhamos chegado a um ponto em que, se Dragon Ball não tivesse continuado por mais um tempo, teríamos problemas financeiros. A coisa mais fácil teria sido pedir a Akira Toriyama para continuar seu mangá, mas ele mal o havia terminado, então não havia chance de ele concordar em continuar nem um pouco mais. A única coisa que podíamos pedir a ele era que criasse os personagens e nos desse um enredo simples. Depois, o GT surgiu porque pedimos a uma equipe: “Aqui está, façam isso.”
Toyotaro: Já em termos de enredo, o GT vai muito além do que acontece em Dragon Ball Super. Acho que há vários elementos dele que acabaram sendo usados em Dragon Ball DAIMA. Não acho que haja alguma ideia que me tenha influenciado em Dragon Ball Super. Há elementos artísticos que foram transportados para DBS. Visualmente falando, o GT também foi um trabalho de Nakatsuru-san e sua equipe, e havia realmente essa fidelidade nos desenhos muito próxima ao estilo artístico de Toriyama-sensei, o que me inspirou.
Qual é o papel das novas tecnologias (CGI, IA, etc.) na produção atual e futura da série e do mangá Dragon Ball?
Torishima: Não entendo muito de IA, mas vou te dizer o que penso. Se considerarmos o uso de retículas em mangás, os computadores facilitaram muito o uso delas na composição dos mangás. Por isso, temos cada vez mais autores se divertindo preenchendo suas páginas com retículas cada vez mais complexas. O resultado é que terminamos com páginas que parecem muito bonitas e perfeitas… exceto que todas as páginas de todos os autores parecem iguais. Toriyama, por outro lado, não tinha dinheiro. Ele vivia em uma pequena província, não tinha condições financeiras e, por isso, não as usava. Ele apresentava suas imagens de tal forma que não havia necessidade de um enredo. E foi assim que ele criou mangás muito simples e fáceis de ler.
Não quero dizer que as novas tecnologias sejam ruins. O problema é que, se não usarmos a cabeça para pensar em como usá-las, acabamos nos tornando a ferramenta da ferramenta. Por outro lado, para mim, o mais importante em um mangá é o personagem. Portanto, é muito importante focar na expressão deles. E o problema é que, mesmo que a IA seja capaz de reproduzir um personagem, há limites para o que ela pode oferecer em termos de expressão. Por exemplo, a IA pode criar personagens no estilo Ghibli, mas não pode criar olhos como os que Miyazaki desenhou.
Toyotaro: Voltando a Dragon Ball Super: SUPER HERO, os personagens de Akira Toriyama foram muito bem desenhados, permitindo que sejam vistos perfeitamente de qualquer ângulo. Então, acho muito bom tê-los adaptado para CGI. O filme SUPER HERO é um experimento muito bonito nesse sentido. Por outro lado, eu também não gostaria que fôssemos nessa direção. Acho que precisamos diversificar os métodos de produção. O problema com CGI é que existe o risco de tornar o estilo de Toriyama-sensei muito rígido, sabendo que seu estilo é muito flexível. E o outro problema de fazer tudo no computador é que os cenários podem ficar muito detalhados, o que pode não combinar com o estilo do sensei.
Torishima: Para resumir a ideia de Toyotaro, é como tentar fazer gekigá com uma régua. Toriyama desenhava tudo à mão com muita liberdade, e sempre havia uma leveza, uma flexibilidade em seu traço. E acho que CGI não foi feito para o estilo dele.
Nota: Gekigá é um estilo de mangá que surgiu nas décadas de 1950 e 1960, sendo mais realista, expressivo e emocional. Como resultado, usar uma ferramenta rígida e fria como uma régua seria contraditório. É como se Torishima estivesse dizendo: “Você quer fazer algo vivo e expressivo, mas está abordando isso como um técnico, não como um artista”.
Nakatsuru: Enquanto trabalhava em Dragon Ball DAIMA, eu pensava que a função de um animador clássico era um trabalho muito longo e trabalhoso, leva muito tempo para fazer uma animação. Então, acredito que se encontrarmos a maneira certa de trabalhar, acho que CGI – e até mesmo a IA – poderia nos permitir trabalhar de forma mais simples, nos permitindo desenvolver filmes de animação mais elaborados que poderiam atrair um público mais amplo, se tudo fosse bem utilizado. Pelo menos é o que eu espero. Como Torishima disse, você tem que pensar cuidadosamente sobre como usar bem a ferramenta para não se tornar um escravo dela.
Toyotaro: Já tentei pedir ideias de enredo ao ChatGPT, mas foi perda de tempo. (risos)
Em 2020, você disse, Torishima-san, em uma entrevista com Hiroshi Matsuyama, que não havia nada a se aprender em Dragon Ball. Essa afirmação causou muita discussão. Você poderia nos explicar?
Torishima: Essa frase causou uma comoção? Como?
As pessoas pensam que há valores na história, como gentileza, coragem, etc.
Torishima: Toriyama e eu adoramos Tom e Jerry, o desenho americano. É muito simples: o gato persegue o rato, é muito claro. Essa é a história. Assistimos enquanto nos divertimos, mas no final não nos lembramos de nada, não aprendemos nada. Na animação, o principal são “os personagens + movimentos”. Num mangá também, quando você lê, é muito engraçado, mas no final, nada permanece. Anteriormente, expliquei que Toriyama e eu estávamos procurando o que era interessante e, no final, encontramos esta resposta: “ler para se divertir, e nada permanece.”
Criar um personagem é algo simples. Até uma criança consegue. Existem muitos mangás por aí com temas complexos e difíceis. Eles não fazem você querer lê-los. Outro dia conversei com alguém de uma editora alemã, e ele disse que Attack on Titan fez muito barulho, mas no final, o mangá não vendeu muito bem. Depois que o anime terminou, o mangá parou de vender. Mas veja Dragon Ball e Naruto – eles continuam vendendo mesmo depois que o anime acabou. Então, qual é a diferença? Em Dragon Ball e Naruto, os leitores vivenciam o mundo através dos olhos do personagem. Não é tanto sobre a história em si, mas o fato de o leitor ser levado em uma jornada pelo personagem. Graças a essa estrutura simples, adultos e crianças são cativados.
“Bebemos Coca-Cola e Orangina porque têm um gosto bom, mas quando estamos com sede, bebemos água.”
Você começou criando fã mangás antes de se tornar o artista oficial de Dragon Ball Super. Que conselho daria a alguém que quer criar seu próprio mangá?
Toyotaro: Não acho que possa me gabar muito, mas eu era um grande fã do trabalho de Toriyama-sensei e, de certa forma, me apropriei dele sem permissão para poder contar minhas histórias baseadas em Dragon Ball, mas com minha própria perspectiva e desenhos. Virei mangaká para desenhar Dragon Ball, e não o contrário, então não acho que possa dar conselhos para alguém que queira se tornar um mangaká. Então, se alguém realmente quiser desenhar Dragon Ball, pode ser interessante fazer o mesmo e apresentar seu trabalho à Shueisha para ver o que acontece.
Torishima: Quando os jovens me perguntam em eventos, sempre digo que para se tornar um mangaká, você tem que respeitar 3 pontos:
1 – Estude japonês e literatura seriamente. Você precisa dominar as palavras para usá-las bem nas falas dos balões. A história é construída através dos diálogos. Você precisa ter noção de como usar as palavras. E então, voltando ao que eu disse antes, acho que o nível literário da maioria dos mangás atualmente é bem baixo.
2 – Faça muitos amigos. Os seres humanos estão conectados. Desenhar mangá é como desenhar o mundo.
3 – Seja resiliente. Quando um mangaká se vê diante de uma página em branco, ele precisa criar seu próprio universo, e esse é um esforço que exige muita energia.
Se combinarmos esses três pontos, você poderá seguir os caminhos para se tornar um mangaká.
Nakatsuru: Quando conheci Torishima-san, disse a ele que, se surgisse a oportunidade, seria interessante fazer um mangá. Então, tive a oportunidade de fazer a continuação do mangá Dr. Slump na V-Jump [sob a supervisão de Toriyama]. O que aprendi com essa experiência é que ser um artista de mangá é muito difícil.
Torishima: No avião, lemos um longo artigo sobre Toriyama-san. Nele, Toriyama dizia a Nakatsuru: “Você é incrível”, e Nakatsuru perguntou: “Por quê?”. Porque no mangá O Breve Retorno de Dr. Slump, Nakatsuru usou ângulos que Toriyama nunca usava. Toriyama disse: “Um mangaká sempre desenha os ângulos que sabe fazer, e desenhar outros é uma verdadeira tarefa árdua.” Os mangakás sempre desenham seus personagens de frente, mas raramente de costas. Por outro lado, na animação, muitas vezes é necessário um ângulo em que se veja o personagem de trás, porque a câmera se move em todas as direções. E Nakatsuru consegue desenhar de muitos ângulos diferentes, o que Toriyama não conseguia. Se você olhar um mangá de Nakatsuru, verá que há muito mais ângulos de câmera do que nos mangás de Toriyama. É aí que você realmente
percebe a diferença entre um animador e um mangaká.
A franquia Dragon Ball evoluiu enormemente, com alguns até comparando-a a franquias como Star Wars, com seus lados bons e ruins. Como você vê o futuro de Dragon Ball em termos de franquia?
Torishima: Está perguntando pra gente? Infelizmente, essa é uma pergunta que deveria ser feita à Shueisha, à Toei Animation ou à empresa que administra os direitos de Toriyama-san.
Em essência, Dragon Ball é uma história que Toriyama e eu criamos juntos, mas esse é apenas um lado da moeda. O outro lado são os fãs. Construímos e expandimos o mundo de Dragon Ball graças ao apoio dos fãs. Se a franquia se expandisse ouvindo a voz dos fãs, tudo bem. Por outro lado, se a ideia da franquia é expandir por dinheiro, tudo entrará em colapso, e espero que não vá nessa direção.
O que vocês acham do tratamento dado a Trunks e Goten, que geralmente são vistos como alívio cômico em Dragon Ball Super, enquanto a saga Boo parece mais uma passagem de bastão?
[Torishima não quis comentar. Ele gesticulou com as duas mãos em direção a Toyotaro para mostrar que não iria responder, provavelmente porque a evolução de Goten e Trunks depende de Toyotaro]
Toyotaro: No mangá Dragon Ball Super, escrevi três capítulos focados na evolução do Trunks. O Trunks é um personagem de que gosto muito, e fiquei muito feliz por poder escrever capítulos em que ele fosse o personagem principal, e adoraria fazer mais. Por outro lado, nesses 3 capítulos, acho que não consegui retratar bem o Goten, e gostaria de ter a oportunidade de trabalhá-lo melhor depois.
Nakatsuru: Como animador, não estou preso à construção da história, então nunca sei como os personagens irão evoluir na série.
Há muito debate sobre o que é considerado canônico e o que não é. Com base na sua experiência, como cada um de vocês enxerga esse conceito? Esta é uma questão ainda mais frequente em Dragon Ball DAIMA.
Nota: Torishima não entendeu imediatamente a palavra “canônico” e pediu que a pergunta fosse reformulada. Ele entendeu melhor quando falamos sobre “cronologia dos eventos”. E riu quando finalmente entendeu do que se tratava a pergunta.
Torishima: Vou responder da minha própria perspectiva. Primeiro, você precisa saber que Toriyama-san era um desastrado. Ele frequentemente se esquecia da continuidade dos personagens que criava. Segundo, ele era alguém que estava sempre pensando em como agradar os fãs. E assim, ele inventava histórias ao longo do tempo, sem pensar muito. Em suma, não há continuidade nem ordem – ponto final.
Toyotaro: Gosto de quase todas as obras de Dragon Ball que existem. Para mim, tudo é mais ou menos canônico porque já vi tudo. Afinal, não cabe a mim saber quem determina o que é canônico e o que não é. E acho que é melhor que cada fã decida por si mesmo o que é canônico ou não em sua própria continuidade; acho que é melhor assim. Por exemplo, Dragon Ball Online é um jogo que joguei muito e também é canônico para mim.
Nota: Toyotaro usa o termo カノン (kanon) em japonês.
Nakatsuru: Eu também não tenho certeza…
Pergunta para vocês três: Como era seu relacionamento de trabalho com Akira Toriyama e vocês têm alguma anedota sobre isso?
Nakatsuru: Faz uns 20 anos que não vejo Toriyama-sensei. Em Dragon Ball DAIMA, troquei alguns e-mails com ele sobre a construção dos personagens. Enviei esboços, ele me mandou correções, me pediu para refazer algumas coisas… Trocamos bastante informações sobre isso, e fiquei feliz porque já fazia muito tempo que isso não acontecia. Akira Toriyama nos deixou durante a produção de Dragon Ball DAIMA, e eu me esforcei muito para aproveitar essas últimas instruções e representá-lo o máximo possível na produção do DAIMA.
Torishima: Toriyama odiava trabalhar, mas amava desenhar. Ser mangaká era um trabalho para ele, então ele sempre queria se apressar e terminar seu trabalho para poder se divertir. Por exemplo, no Torneio de Artes Marciais, era difícil para ele desenhar o grande prédio do torneio, então ele fez Kuririn quebrar esse local para que não tivesse que desenhá-lo mais. Toriyama também não gostava de pintar de preto seus desenhos, é por isso que o Super Saiyajin tem cabelo branco. Ele era realmente um artista que queria fazer o mínimo possível. E então, ele era muito rápido, e quanto ao seu trabalho semanal em Dragon Ball, ele terminava em um dia! E o resto da semana, ele ia se divertir. Por exemplo, Toriyama gastou muito dinheiro restaurando seu carro: um Jaguar Mark 2. Ele tentou todas as cores imagináveis para descobrir como repintar seu carro. Seu amigo Masakazu Katsura tinha aprendido isso, então o ajudou a desenhar de 4.000 a 5.000 desenhos desse carro em cores diferentes. E o mais engraçado foi que, quando perguntaram qual cor ele finalmente escolheu, ele respondeu: “No final, a primeira cor que escolhi foi a certa.” Foi o tipo de coisa que Toriyama fez depois de terminar seu mangá. Ele realmente tinha esses dois lados.
Toyotaro: Vou voltar ao que Torishima-san acabou de dizer sobre Toriyama-sensei ser alguém que não gostava de trabalhar muito. Um dia, o sensei me disse: “Na verdade, fazer cenas de batalha é mais fácil para mim, então sempre me certifico de que as lutas comecem bem rápido, assim fica muito mais fácil.” E isso me surpreendeu bastante, então respondi: “Mas… O quê!? Não é nada fácil! Não é fácil para mim!”
Torishima: Talvez seja porque nas cenas de luta não há cenário.
Quem são os artistas que criaram as células de harmonia?
Nakatsuru: Acho que os nomes dos artistas de fundo estão listados nos créditos finais de cada episódio. Os desenhos principais foram feitos por aqueles listados, especialmente o diretor de arte de cada episódio. Eu conheço o princípio da harmonia – onde um desenho se torna algo mais parecido com um fundo pintado – então você pode consultar os créditos de quem cuidou dos cenários. Mas não me lembro de muitas células de harmonia sendo usadas em DBZ, e não me lembro de nenhum nome específico.
Torishima: Ah, acabei de aprender o que isso significa!
Nakatsuru: Não sei os nomes, mas posso confirmar que vieram dos departamentos de cenários e direção de arte, então veja esses créditos.
Nota: Na animação, células de harmonia são células pintadas separadamente para adicionar efeitos especiais de sobreposição, às vezes em estilo aquarela, para criar estilos de iluminação, brilhos ou gradientes sutis que não são pintados diretamente nas células principais.
PAINEL “A ARTE DA TRANSFORMAÇÃO”
Obs: A tradução só foi possível graças a @vondbz2, que foi tweetando e traduzindo o desenrolar do painel ao vivo.
• Conferência com Torishima, Nakatsuru e Patrick Borg (voz francesa do Goku adulto)
• Nakatsuru: Não pensei que voltaria tão rápido a essa cena… Patrick Borg: Uma lembrança de Eric Legrand (a voz do Vegeta francês, que morreu recentemente) e um agradecimento aos fãs por escreverem para ele.
• Perguntas para Borg: Desde quando você dubla DB? Nos primeiros 3-4 episódios de Goku adulto, foi Thierry, e ele o substituiu há cerca de 40 anos: ele faz Buu, Goku Black e Bardock.
• Borg: É o primeiro mangá (ele quer dizer anime) da França! Na época, não sabíamos como seria recebido. É uma verdadeira honra e prazer trabalhar nele. Sem ele, eu não seria ninguém na França.
• Torishima tem uma forte ligação com Nozawa. Ela tem 88 anos. Ela nunca pegou um resfriado sequer. Nozawa assumiu o cargo daquela seiyuu que se aposentou aos 89.
• Torishima diz que todos eles são velhos, mas “passar o tempo gritando mantém você com energia.” Borg diz que sempre fica PERPLEXO com a energia de Nozawa (pois ele tem o original para comparação quando trabalha na dublagem de Goku)
• Naz pergunta se o elenco francês tem tanta energia e Borg diz que sim, claro, quando você dubla o Z, você tem que se dedicar ao máximo.
• Outros papéis de Borg em animes: “Comecei como ator de teatro, aos 10 anos, hoje tenho 68, então esqueci muitos papéis…” Roland (Ryoga) em Ranma ½. Ele também foi a voz de Flipper, o Golfinho, em seu primeiro papel. Isso foi quando a TV era preta e branco, só havia um canal (1967).
• Borg: O primeiro anime francês que me lembro é Goldorak, em termos de sucesso inicial. Depois, Mazinger Z (que ele também dublou). Torishima, o que você acha? “Bom, eu também trabalhei nisso…”
• Ele diz isso sobre Morishita. E ele diz que ele (Goldorak ou Morishita, não sei) é mais conhecido na França do que no Japão. Para Borg, Goku é um cara que ama comida. Ele ama sua empatia e seu olhar bondoso pelos outros. Ele protege o mundo ao seu redor, não importa o que aconteça.
• Borg acha que Vegeta é muito mais popular, mas o público está dividido. Ele diz que o motivo é porque ele é “um cara muito sensível, que tenta se encontrar” e, por isso, gostamos dele (todos riem).
• Vegeta é visto como um solitário obcecado por suas ideias, mas é fraco contra mulheres. Na França ele não é visto muito assim. Eric Legrand tinha uma personalidade ruim, então a piada é que “se Vegeta é tão cabeça-dura é porque me conheceram e criaram o personagem inspirado em mim”.
• Qual é seu personagem favorito, Patrick? “Eu tenho muitos! Centenas de personagens em geral, e há muitos só em DB. O que eu mais gosto em DBZ é como cada um tem personalidades diferentes. É uma família, uma sociedade de pessoas diferentes. Chichi é extraordinária, mesmo que ela nem sempre concorde com seu marido.”
• Torishima diz que seu favorito é Piccolo, e seu rosto se parece um pouco com Piccolo (Naz diz que sua personalidade também é parecida). O favorito de Nakatsuru é Goku. “Adulto ou criança?” (Faz uma careta, difícil…) “Gosto de vê-lo crescer” (Borg concorda)
• “Vemos Goku evoluir e aprender com a vida, o conhecemos desde criança!”, acrescenta Borg. Toriyama não achava que duraria tanto tempo, então ele teve que fazer Goku crescer para continuar, afinal.
• Torishima explica a anedota sobre Toriyama fazer Goku crescer. Ele tinha 140 cm antes, e era difícil equilibrar a composição dos combates. Com o Goku adulto, ele conseguia equilibrar melhor as páginas e as lutas. Mas o problema era o sucesso de DB devido ao Goku criança…
• Torishima não queria que Goku crescesse. Então, Toriyama deu um ultimato: ou Goku cresce ou eu desisto. Torishima estava preocupado com um monte de reclamações, mas ele só recebeu uma reclamação por telefone, dizendo “essa semana o desenho do Goku está estranho… ele foi desenhado por um assistente?”
• Torishima explica como os seiyuus gravam suas vozes: todos na mesma cabine, indo e voltando. O mesmo na França. “Isso é atuação: você fala com alguém e alguém responde.” Desde a Covid, a França grava em 1 por 1, depois 2 por 2, depois 3 por 3. Mas não mais do que isso agora.
• É energético atuar com outras pessoas, interagir e se divertir em equipe. É melhor, diz Borg. Borg diz que é frustrante trabalhar sozinho, é muito melhor ter uma conversa com outra pessoa do que ficar sozinho…
• Borg diz que quando dois personagens são dublados pela mesma pessoa (como Goku e Bardock), é um exercício divertido. Ele gosta de fazer os dois juntos. Mas ele grava em duas vezes diferentes. Para os atores, a diversão está na dificuldade. Se é fácil, não é divertido.
• Naz disse que eles são muito fortes. E Torishima diz que os dubladores são resilientes e têm muita técnica. Eles são fortes e resistentes!
• Nozawa também vem do teatro. Tem um episódio de Goku vs. Tao Pai Pai. O dublador de Tao fez muita improvisação, mesmo sem manter a maior parte. Nozawa estava estimulada, energizada, e ela realmente gostou disso.
• Borg diz que, na época, a tradução não era muito boa, porque era originalmente do italiano para o francês, então perdemos algumas coisas. E com o grande sucesso, a Toei pediu para ser mais precisa e deixou menos espaço para improvisação. Por isso, Borg diz que é por isso que temos menos improvisação.
• Ele acha uma pena que eles não possam improvisar tanto “desde que o trabalho original seja respeitado”, pois esses momentos são incríveis, afinal.
• Toriyama disse que queria Nozawa, mas ela era muito cara, então não foi fácil… mas como Toriyama a queria, “a voz do autor tem peso”. Borg não fez um teste. O diretor de elenco da época o conhecia, e sua voz e a do ator original eram muito parecidas.
• Borg explica que o Club Dorothée (onde DB foi ao ar) não acreditava nisso. Cortamos um trecho aqui, é para crianças mais velhas… mas quando viram o sucesso, voltaram e decidiram ser mais precisos (ou seja, respeitosos). Para Borg é importante respeitar a obra original.
• Patrick Borg nunca conheceu Nozawa (porém, Brigitte conheceu), e ele quer que a equipe lhe dê os melhores cumprimentos.
• Nozawa enviou uma gravação: “Oi! Eu sou Goku, você parece forte!!”
• Borg disse “Olá! Eu sou Goku!”. É assim que Goku diria esta frase clássica em francês. (Borg acabou de parar de fumar, seu tom agudo foi afetado) Ele diz que envelheceu muito… ao contrário de Goku.
• Foi pedido a Borg que fizesse um Kamehameha. Ele se levantou e disse: “Vegeta! Nunca vou te esquecer! Kamehameha!” E Naz menciona que nunca ouviu isso. A “mudança repentina de tensão na voz é impressionante”.
• Como ator de teatro, Borg precisa se tornar o personagem. Você se movimenta, etc. Novos dubladores… você precisa primeiro olhar nos olhos para ver a sensibilidade do personagem. A personalidade, a emoção. A emoção está nos olhos!
• Torishima: “De fato, no mangá, o mais importante são os olhos” Borg: “Eu também vejo isso em Miyazaki, os olhos são tão grandes e expressivos!”
Eles ficaram sem tempo e fizeram um enorme Kamehameha (dublado por Patrick sem microfone) juntos, no palco, para fotos.
05 de julho de 2025
ENTREVISTAS COM TORISHIMA E TOYOTARO
Neste dia, tivemos duas entrevistas na Japan EXPO 2025, que já foram traduzidas aqui:
Entrevista com Kazuhiko Torishima pela France Info na Japan EXPO Paris 2025
Entrevista com Toyotaro na rádio France Inter na Japan EXPO Paris 2025
06 de julho de 2025
TORISHIMA ANALISA E CRITICA UM MANGÁ ORIGINAL DE TOYOTARO

Durante o painel do dia 6 de julho de 2025 na Japan Expo, Kazuhiko Torishima, primeiro editor de Akira Toriyama, analisou e criticou ao vivo o trabalho de Toyotaro, atual responsável pelo mangá Dragon Ball Super.
Obs: Por fim, esta tradução também só foi possível graças a @vondbz2,que foi tweetando e traduzindo o desenrolar do painel ao vivo.
• Chris Naz é a apresentadora. Torishima diz que não é uma reunião (de editor de mangá), mas sim um confronto.
• Torishima diz que vai ser uma reunião chata e que é estranho ver tanta gente. Ele também diz: “Vou te dizer coisas duras, Toyotaro, então respire fundo!”
• Toyotaro está muito emocionado ao ver como foi bem recebido. Ele também está muito estressado e nervoso com a possibilidade de seu trabalho ser visto pelo editor do DB original. Mas ele está muito feliz e honrado. Ele parece cheio de energia!
• “Tem algum motivo para você querer dar uma olhada no mangá de Toyotaro?” “Sim (mostra a foto onde aponta para os originais do Toyo), houve um problema na página da direita. Quando vi esta página, não estava funcionando, então ‘queria falar com você’.”
• “No Twitter, você postou que isso é uma pena…” Torishima: as cenas de ação precisam ser dinâmicas, um plano geral? Um plano médio e um plano superior. Falta um ângulo.”
Torishima criticou a quadrinização de Toyotaro na exposição do mangá de DBS na Jump Festa 2024
• Ele está basicamente repreendendo Toyotaro ao vivo pelas páginas em questão, e Toyo concordou e acenou com a cabeça.
• Ele culpa principalmente o editor (Victory Uchida) por não ter percebido. É seu trabalho, como primeiro leitor, enxergar as falhas e ajudar. O editor não entende as bases do mangá. Ele mostra páginas do livro Técnicas de Mangá do Dr. Mashirito. Goku vs. Vegeta como outro exemplo de plano longo (distância).
• Esperar, acumular energia e não se mover cria tensão quando os personagens se movem mais tarde. Mais expectativa. “Quando Toyotaro ama ação em DB, ele sente falta disso.” (Torishima diz…) “Ele precisa das bases do mangá.”
• Vamos abandonar DB, e como autor, Toyotaro-san (não Toyotaro-sensei) tem algo a dizer, e eu quero ver. (Todos carregamos o storyboard no QR code) Então, sim. Esta é uma reunião ao vivo de Editor + Mangaká.
• Torishima: “O que você queria fazer com essas 45 páginas?” Toyotaro: “Eu gosto muito de fazer cenas de ação, então tentei construir uma história em torno disso.” Torishima: “Isso é um problema, 45 páginas é muito longo. São três capítulos de DB. Quanto tempo demorou?” Toyotaro: “Eu queria adicionar muito mais…”
• Torishima: “Essas histórias (one-shot) existem para apresentar novos protagonistas aos leitores da Shonen Jump. Se você escreve esse one-shot para explicar quem é o personagem e apresentá-lo ao leitor, então é um sucesso. Você fez isso com esse objetivo?” Toyotaro: “Eu acho que os personagens são importantes, sim, mas eu queria fazer ação. Combates e, como tal, provavelmente não apresentei bem os personagens…”
• Torishima: “Se você consegue estabelecer o personagem… é melhor ter menos ação.” Acho que Toyotaro “assumiu uma postura muito forte” ouvindo isso. Quem é o personagem principal e os outros? Veja Dr. Slump. Construindo personagens. Toriyama só conseguiu isso com Slump e DB.”
• “Qual é a característica especial do seu personagem?” (Toyo disse qual era a característica especial do personagem, é um poder, mas eu perdi porque alguém falou comigo rs)
• “Qual é a primeira ação do seu personagem na sua história? Olha o Goku, ele está relaxado, conversando com um macaco e com uma serra…” “Ah, ele só está sendo perseguido, desculpe…”
• “Como você consertaria isso?” “Agora? Talvez a primeira aparição dele: pistas sobre seus poderes especiais e charme…”
• “Eu queria manter essas coisas especiais para o final da história, mas foi uma má ideia, certo… as primeiras páginas deveriam ter algo especial, porque quando ele move sua espada, o leitor fica intrigado, talvez haja algo…”
• “Fui negligente com a cena de introdução porque queria focar no final/grande cena de combate.” “Isso é o que um editor pode fazer por um mangaká. Resultado: o autor desenha e escreve o que quer representar, mas é para os leitores, no final.”
• “Você precisa de algo que chame a atenção não de dezenas, mas de milhares de leitores. É importante desenhar o que você quer, mas garantir que agrade aos leitores. É função do editor garantir que o mangá funcione.” “Seu trabalho… seu editor viu?” “Sim” “O que ele disse?”
• “Ele disse algumas coisas, eu corrigi algumas coisas antes de mostrá-las a você, Torishima-san… mas como meu editor já corrigiu algumas coisas, você teria sido muito mais severo do que isso.”
• “A partir do momento em que está online, você não pode ir lá e explicar como foi concebido, etc…. Uma vez publicado, o mangá não pertence mais ao autor ou ao editor. Pertence ao leitor (está nas mãos deles). O que o leitor vai pensar? Você se pergunta isso quando desenha?”
• “Eu sei que é importante, mas às vezes eu só me concentrava no que queria desenhar para as cenas de combate” “Você pensou na idade/sexo do leitor?” “É um mangá shonen, então é para meninos, mas DB impactou muitos, então eu queria algo mais amplo. Essa era a minha intenção, ser abrangente.”
• “Então você mudou algumas coisas, como a forma de retratar os personagens e apresentá-los… o que você fez?” “Eu não precisava fazê-lo ter 10 anos, então mudei para que ele fosse mais jovem, porque meus leitores seriam jovens. Mudei o visual dele para que ele fosse mais marcante/único.”
• “O primeiro desenho do personagem precisa estabelecer que ele é o protagonista. É por isso que ele tem uma característica especial. Imagine o Goku naquela primeira página sem aquele penteado. Então essas correções que você fez são importantes, Toyotaro.”
• Tente manter tudo isso em mente. Não podemos falar sobre todos os detalhes, mas a essência é essa. É muito difícil fazer um mangá divertido, agradável de ler e interessante. Trabalhe duro. Quando você ler um mangá que gosta, observe como o protagonista é construído!
• “Se você não tem isso no mangá que está lendo, é melhor jogar fora, porque não vai ficar bom depois.” Anúncio do livro Técnicas de Mangá do Dr. Mashirito em francês, em breve!
A conferência terminou logo depois disso. Eles fizeram um sorteio de algumas cópias em inglês (autografadas por ambos)